Por um lado, Richard Branson (do lado direito da foto), está a ser citado em centenas de jornais, rádios e TV"s em todo o mundo por se ter colocado ao lado de Guaidó, atacando ferozmente Maduro, a quem acusa de ser um ditador sanguinário, e, para o afastar, organizou um megaconcerto musical na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela.

Este concerto, que já ganhou estatuto do Live Aid da América Latina e está marcado para sexta-feira, vai decorrer em Cúcuta, no lado colombiano da fronteira, para onde se espera, no Sánbado, a chegada da caravana liderada pelo autoproclamado Presidente interino, Juan Guaidó, à frente de dezenas de veículos que deverá chegar no Sábado, e pretende servir para angariar fundos para o povo "faminto" da Venezuela.

Esta caravana, cujo objectivo é recolher as toneladas de ajuda humanitária para ali enviada pelos EUA e Brasil, entre outros doadores, como forma de suprimir as carências de toda a natureza que a Venezuela vive graças à crise económica e política em que está mergulhada, tem, no entanto, de conseguir passar pelas muitas barreiras colocadas pelo regime ao longo dos 900 quilómetros que separam a capital do país, Caracas, e a fronteira de Cúcuta.

Face ao comportamento dos EUA, que, recorde-se, foram os primeiros a declarar o apoio a Guaidó, avisando o Presidente Donald Trump que a possibilidade de uma intervenção militar está em cima da mesa, e de Richard Branson, com o seu concerto solidário com a oposição venezuelana, Roger Waters, que se tem notabilizado também por acções e posicionamentos críticos à atitude norte-americana no mundo, saiu a terreiro para atacar o multimilionário e seu conterrâneo.

Veio Waters dizer que o que Branson está a fazer não tem em linha de conta que a Venezuela está longe de ser uma feroz ditadura e explicou porquê: a imprensa não é perseguida, a oposição não é alvo de prisões arbitrárias, não há homicídios políticos...

"O que Branson está a fazer é alinhar com os EUA na sua procura de tomar conta do país e das suas riquezas", atirou o co-fundador dos Pink Floyd, citado pelas agências, questionando, como alerta: "Querem mesmo fazer da Venezuela um novo Iraque, outra Síria ou fazer ali acontecer o que aconteceu na Líbia"!"

E acusou mesmo os EUA e Branson de estarem a fazer questão de enfatizar a urgência da ajuda humanitária como ferramenta para construir uma imagem errada da Venezuela como caminho mais curto para impor uma mudança de regime, pressionando interna e externamente.

Caravana a caminho, mas...

Enquanto as superstars de digladiam no firmamento mediático, na Venezuela, a tensão sobe quando as dezenas de camiões e outros veículos iniciam a marcha de Caracas para a fronteira com a Colômbia, com a intenção de carregar a ajuda humanitária que para ali foi enviada ás toneladas, e, depois, se tudo correr como planeado, proceder à sua distribuição pelo país.

As barreiras policiais e militares ao longo do percurso são um entrave forte, mas Juan Guaidó já disse que se não conseguir levar a sua caravana até Cúcuta, a ajuda humanitária não deixará de chegar às pessoas.

"A ajuda humanitária chegará por ar, por mar, por terra e assim conseguirá entrar. Precisamos de abrir um corredor humanitário, aconteça o que acontecer", afirmou, durante um encontro com os camionistas que se colocaram ao seu lado para a tarefa humanitária, sublinhando que há mais fronteiras e portos marítimos e terrenos para largar a ajuda de paraquedas.

Por outro lado, Maduro, que vai ter também o seu concerto musical do lado venezuelano da fronteira, para rivalizar com o "Live Aid" de Richard Branson, tem em curso uma operação de contra-ataque ao programa de ajuda humanitária norte-americano com o apoio da Rússia, o seu principal, a par da China, México e Cuba, que prevê a chegada de pelo menos 300 toneladas de bens alimentares nas próximas horas.

Maduro, recorde-se, já acusou os EUA e os países europeus que reconheceram Guaidó de quererem apenas tomar conta do petróleo venezuelano - este país detém as maiores reservas provadas de crude em todo o mundo - e das toneladas de ouro produzidas todos os anos na Venezuela, entre outros recursos naturais estratégicos.

Mas, para já, quem se arrisca a conseguir aquilo que menos esperava, é o povo venezuelano, que poderá, nos próximos dias, ser "inundado" de bens alimentares e alimentos que há meses faltam em todo o lado, seja por intermédio do Presidente Maduro, quer pela acção do... Presidente Guaidó.