Saudosismo à parte, a indústria angolana era das mais pujantes do continente. Basta lembrar que, em 1973, ano em que o País atingiu o maior crescimento económico durante a administração colonial, Angola esteve no top cinco dos maiores exportadores mundiais de produtos como diamante, açúcar, café, algodão, banana, carne bovina, farinha de peixe, sisal, dentre outros, para além de que tinha a maior rede de silos ao nível do continente.

O saque e a euforia popular que antecederam a Independência, as sucessivas guerras que sacudiram o País, os erros da governação, a corrupção generalizada e a falta de transparência nos processos de alienação das empresas resultaram num declínio assustador do sector industrial, e a recuperação não tem sido fácil. Grande parte das fábricas deixadas pelo colono não sobreviveu. Umas passaram para estruturas do Estado, outras foram transformadas em lojas e armazéns comerciais, algumas ainda demolidas ou simplesmente votadas ao abandono, transformando-se, assim, em parques de estacionamento, sucatarias ou em antros de marginais e de prostituição.

Nunca a expressão diversificação da economia foi tão pronunciada como nos últimos 10 anos, mas hoje o País ainda enfrenta o desafio da industrialização.

Diversificar a economia pressupõe expandir a base económica para diferentes sectores de actividade, acompanhado pelo aumento de mercados de exportação, com o objectivo de reduzir a dependência de uma única área como fonte de receitas, como o petróleo, no caso concreto de Angola.
No discurso sobre o Estado da Nação, proferido a 15 de Outubro deste ano no Parlamento, o Presidente da República, João Lourenço, disse que o "parque industrial tem vindo a crescer, havendo hoje 718 unidades de média e grande dimensões, distribuídas por 24 ramos de actividade". A verdade é que o País continua dependente das importações, e as grandes indústrias herdadas do colono não dão sinais de reanimação. Muito poucas trabalham a meio gás. Algumas, construídas após a Independência, morreram longo à nascença por erros de gestão e por outros factores.

Já em 1978, Agostinho Neto definia a indústria como factor de desenvolvimento e a agricultura como base, mas, como disse certa vez o Presidente José Eduardo dos Santos, "um dos nossos grandes problemas é o de que temos boas ideias, bons projectos, bons programas, mas, quando entramos na fase de implementação, os resultados ficam, muitas vezes, longe do que se esperava".

Apesar das políticas ousadas do Executivo e dos constantes apelos ao investimento estrangeiro, 50 anos após a proclamação da Independência, o País ainda está longe da rota de desenvolvimento. O sector industrial continua pequeno, muito aquém das necessidades angolanas. Precisa de crescer e de gerar mais empregos para absorver o "exército" de desempregados. Em qualquer parte do mundo, a indústria e a construção civil são os sectores que mais absorvem mão-de-obra. E Angola, se quiser crescer rapidamente, não pode descurar esse aspecto.