Mesmo que não existam dados concretos que fundamentem esse argumento, segmentos da opinião pública consideram que o mau desempenho do governo se deve em muito ao facto de o presidente João Lourenço se ter feito rodear de antigos colaboradores de JES, que assim dão continuidade a práticas, procedimentos e maneiras de estar que são combatidas pelo novo chefe de Estado. Nos tribunais, os grandes processos em julgados envolvem quase todos os antigos fiéis e homens de campo de JES que se escutam nas ordens superiores dadas por dadas pelo velho líder. No grupo de pessoas que se enriqueceram a partir da sua "engenharia" de criação de ricos nacionais, apontam-se, sobretudo, familiares (filhos - biológicos e adoptivos -, irmãos, sobrinhos) e um pequeno grupo de homens de confiança. Pouquíssimos apoderam-se (selvaticamente) do dinheiro sob a protecção do antigo chefe.

José Eduardo dos Santos continua a ser, por isso, um dos epicentros dos bastidores e da acção da vida política, ainda que publicamente tenha havido uma drástica redução de referências suas.

Quando o ex-presidente chegou ao poder, em 1979, a sua figura despertou uma grande onda de entusiasmo. Era jovem, humilde, pobre e com fama de humanista. Muitos da minha geração viam no seu ar frágil e na sua inteligência os músculos de que o país precisava para alterar os sinais de impreparação e a incultura democrática e cívica dos mais-velhos do "maquis". De certo modo, foi bem-sucedido, impondo em meados de 80, uma nova geração de políticos e requisitos mais técnicos para altos cargos governativos.

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