É assim também no jornalismo, que, apesar de ser uma profissão tão amada, é semelhantemente tão detestada. Aliás, não nos enganemos, faz tempo que o jornalismo deixou de ser uma profissão. É uma forma de estar no cíclico da vida. Quem escolheu essa nobre actividade deve perceber que é necessário nascer para a notícia. Porque o jornalismo, como referiu Gabriel Garcia Márquez, é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade.

"Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte" (Gabriel Garcia Márquez).

Ora, a partir da presente edição, o Novo Jornal inicia um novo ciclo, uma nova etapa. O jornalista Armindo Laureano é oficialmente o novo director deste semanário, uma missão que se espera desafiante em face das exigências actuais do jornalismo, que não devem escapar ao rigor e à credibilidade que se exige de um órgão de referência no panorama nacional. Ao assumir o topo da hierarquia editorial do NJ, Armindo Laureano entra para a história do jornalismo angolano como o sexto profissional - depois de Victor Silva, Gustavo Costa, Verónica Pereira, Carlos Ferreira e Nok Nogueira - a exercer esta função no ciclo de 12 anos de existência do NJ. Um jornal que vai continuar rigorosamente independente. Claro, aliando-se às novas plataformas tecnológicas de comunicação.

Aos leitores garantimos continuar a pautar pelos velhos princípios que norteiam o jornalismo: rigor, ética, isenção, imparcialidade, honestidade e respeito pela pessoa humana.

Mas não podíamos encerrar este editorial sem deixar as nossas palavras de singelo e profundo apreço ao jornalista Nok Nogueira, que, ao longo dos últimos oito meses, dirigiu o Novo Jornal na qualidade de Director Interino, depois de anteriormente ter assumido os cargos de Chefe de Redacção e de Editor de Política. Não foi fácil e nunca será dirigir um jornal, sobretudo tratando-se de um órgão de referência que, afinal, já tem 12 anos no mercado angolano de jornalismo. Só quem está por dentro conhece a dimensão das pressões que se sofre. Combateste um grande combate, Nok Nogueira.

Ao Novo Director, a Redacção deseja tudo de bom nos desafios que se avizinham.