"Os números apresentados desafiam a lógica económica mais elementar. As projecções de crescimento económico continuam descoladas da realidade, ignorando a excessiva dependência do petróleo e a falta de diversificação efectiva", diz uma declaração política do Grupo Parlamentar da UNITA, apresenta esta segunda-feira, 17, na Assembleia Nacional.

De acordo com o principal partido da oposição, "o OGE 2026 parece mais um instrumento para alimentar a máquina do Partido-Estado do que para servir o povo angolano".

"Que credibilidade pode ter um orçamento que não é precedido de um debate nacional alargado, nem no interior da própria administração, e que insiste num modelo de elaboração orçamental de cima para baixo", questiona a declaração.

A UNITA insiste que a riqueza em Angola "foi concentrada nas mãos de uma oligarquia voraz, enquanto a maioria sobrevive na pobreza extrema".

"A infra-estrutura nacional, construída no tempo colonial, foi deixada ao abandono ou reconstruída a custos astronómicos e sobrefacturados crónicamente", refere o documento frisando que gerações de angolanos continuam privadas de um verdadeiro sistema saúde e de educação de qualidade.

Lembra a declaração que em 2018 o Grupo Parlamentar da UNITA apresentou propostas concretas para um combate sério e estruturado a este tipo de ilegalidades, em conjunto com a sociedade civil, e foram ignorados e ultrapassados "pela mão pesada" do Titular do Poder Executivo.

"O que vimos foi uma `caça às bruxas' dirigida contra adversários políticos, enquanto o sistema corrupto que sustenta o regime permanece intocável. O resultado é o fracasso que hoje todos constatamos: a corrupção institucionalizada continua a ser o maior cancro da nossa economia", lamenta a UNITA.

Relativamente as autarquias, a UNITA diz que sem elas, não haverá desenvolvimento local real.

"Está provado que a maior parte dos nossos problemas são locais, portanto soluções locais exigem-se, Os Acordos de Alvor no artigo 43 já previam um Estado Democrático e com autarquias, 50 anos depois, essa promessa continua por se cumprir". assinala o texto.

Ainda hoje, a proposta do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2026 vai a discussão e votação na generalidade na Assembleia Nacional.

A proposta, que estima receitas e despesas em 33,2 biliões de kwanzas, um valor inferior ao de 2025, é feita com uma previsão para o preço do barril de petróleo de 61 dólares. Reflecte, segundo o Executivo, "uma política de gestão mais prudente", motivada pela incerteza dos mercados externos, sobretudo no sector petrolífero, e pela necessidade de proteger as finanças públicas face à vulnerabilidade cambial.

O Executivo reforça que o orçamento referente ao exercício económico para 2026 mantém o foco na diversificação da economia, valorização da produção nacional e melhoria da qualidade da despesa pública, e dá continuidade às reformas económicas em curso no país.

A proposta estima receitas e despesas em 33,2 biliões de kwanzas, um valor inferior ao de 2025, e é feita com uma previsão para o preço do barril de petróleo de 61 dólares.