O presidente do MPLA afirmou que as autoridades têm dado "resposta adequada" a esta onda violência a que o País tem assistido nas ultimas semanas, asseverando que a situação "está ultrapassada".

"Esta situação está, felizmente, ultrapassada, porque as autoridades competentes tudo têm feito e continuarão a fazer no sentido de garantir a paz e segurança dos cidadãos na sua vida quotidiana", garantiu.

O também Chefe de Estado rejeitou que "se defenda o princípio de que ser pobre ou um desempregado faz de um homem um potencial criminoso, um potencial assassino, porque pensar assim é injusto e discriminatório".

"Com esta forma simplista de abordagem estaremos a justificar, senão mesmo a legitimar o recurso à violência por parte de quem atravessa, por vezes temporariamente, momentos difíceis da vida, o que acontece em todas as sociedade", afirmou.

"Todos os grandes homens deste País, a começar por Agostinho Neto, se destacaram por diferentes áreas de actividade: na política, nas diferentes profissões e áreas de saber. Nasceram e cresceram pobres e não se tornaram delinquentes ou criminosos, antes pelo contrário, essa condição deu-lhes mais força e determinação para lutar honradamente contra as adversidades da vida e venceram", declarou, refutando a ideia de que a onda de criminalidade esteja relacionada com a deterioração da situação social e com o desemprego.

Durante o seu discurso de abertura, João Lourenço lembrou que o País "está expectante" com a possibilidade da realização das eleições das eleições autárquicas em 2020, que "é essa a vontade política do Executivo, de partidos políticos, deputados, sociedade civil e cidadãos eleitores", mas que "só com um pacote legislativo autárquico aprovado pela Assembleia Nacional é possível a preparação, convocação e organização das eleições autárquicas".

As reformas em Angola "não são imposição do Fundo Monetário"

João Lourenço afirmou também que as reformas em curso pecam por estarem a acontecer apenas agora porque, se aplicadas antes, o País estaria hoje a beneficiar de uma economia mais sólida e sustentável.

"Estas não são reformas impostas pelo FMI, são uma consequência da apreciação errada, falsa, ilusória e enganadora de que o País gozava de uma saúde económica robusta, que a prevalecer -caso protelássemos por mais tempo-, levar-nos-ia inevitavelmente para o precipício", disse.

"Pretendemos criar uma verdadeira economia de mercado onde o Estado deve cumprir o papel que lhe está reservado, mas onde o sector privado seja um actor dinâmico, destacado e determinante na economia", acrescentou.

Segundo o presidente do MPLA, o Estado deve promover o investimento privado, incentivar o surgimento e desenvolvimento da iniciativa privada que contribui para o aumento da produção interna de bens e de serviços, o aumento das exportações e da oferta de emprego.

"Para que tudo isso se torne realidade, precisa de se ir mudando as mentalidades, as atitudes e comportamentos, começando por nós mesmos, militantes e dirigentes do partido", lembrou, mais uma vez.

"A nível do Executivo estamos firmes e determinados a continuar a trabalhar ouvindo as contribuições, conselhos e alertas de todos, das associações empresariais, dos académicos e de toda a sociedade no geral, não para recuar mas para ajustar a rota sempre que se mostrar aconselhável para se alcançarem os resultados pretendidos e já definidos, como o aumento diversificado da produção interna, o aumento de postos de trabalho, a melhoria das condições sociais das populações em termos de acesso à água potável, à energia eléctrica, à assistência médica, educação e habitação", prometeu.