A situação foi confirmada hoje à agência Lusa por vários deputados, que se queixam de não ter viaturas protocolares quando os trabalhos parlamentares decorrem desde 28 de Setembro.

"Nos últimos tempos temos visto muita especulação à volta disto. O que posso dizer é que os deputados do mandato actual, de facto, hoje estão a pressionar a recepção da viatura. Porque precisam de trabalhar, precisam de se deslocar. E a Assembleia ainda não as adquiriu", diz Adalberto da Costa Júnior, líder do grupo parlamentar da UNITA.

O responsável reconhece que o país precisa de moderar gastos face às necessidades que tem de satisfazer, mas lembra que o "desempenho da missão de deputado, sendo totalmente eficaz, poupa muitos meios".

Adalberto da Costa Júnior acrescenta ainda que "o horizonte de trabalho do deputado é todo o território nacional, não é só Luanda", circunstância que torna ainda mais importante a disponibilização das viaturas.

O porta-voz da UNITA desvaloriza igualmente a polémica criada em torno da autorização, por despacho do presidente da AN, em Maio último, da compra de viaturas de marca Lexus, modelo LX 570, de 2017 para os deputados da IV legislatura, iniciada no final de Setembro.

"Os Lexus não têm nada de negativo, o que se deve fazer é um procedimento de compra com a transparência necessária", defende o responsável.

Recorde-se que esse despacho, assinado por Fernando da Piedade Dias dos Santos, foi justificado pela "necessidade de se atribuir aos 220 deputados viaturas de uso integral, em conformidade com o disposto no procedimento previsto na Lei dos Contratos Públicos de 16 de Junho de 2016".

De acordo com os valores apresentados, e dividindo-os pelos 220 deputados, cada carro teria um custo aproximado de 354 mil USD (58.738.679,78 Kwanzas), sendo que, de acordo com a pesquisa feita pelo Novo Jornal online, uma viatura deste modelo chega ao porto de Antuérpia, na Bélgica, pelo valor de 110 mil USD (18.250.814,65 Kwanzas).

As críticas ao "preço especulativo" do negócio terá levado a Assembleia Nacional a optar pela compra de "jipes", avança a agência Lusa, citando fonte ligada ao processo.

Contudo, até ao momento nenhuma deliberação foi oficialmente feita nesse sentido, atrasando a entrega das viaturas protocolares aos 220 parlamentares.