Numa entrevista à rádio MFM, o economista juntou ainda ao leque de justificações que o levaram a mudar de campo a ideia de que a proposta do MPLA, partido que governa o país desde a sua independência em 1975, compreende a ideia de que aceita que está disponível para corrigir o que foi mal feito no passado, referindo-se ao lema de campanha do MPLA que é "melhorar o que está bem, corrigir o que está mal".

Fernando Heitor, que já há algum tempo se vem afastando do seu partido de sempre, e onde, durante anos, foi a referência para a área económica na bancada da UNITA na Assembleia Nacional, nomeou ainda a questão do emprego como tendo sido um dos catalisadores da sua opção.

"Estou de acordo com as propostas do MPLA para a área do emprego porque entendo que é possível fazer em cinco anos aquilo que é proposto", disse Heitor, sublinhando, todavia, que é essencial ter em conta a qualidade do emprego que vier a ser criado.

É só depois de ter argumentado com as razões técnicas que o levaram a passar da UNITA para o apoio ao Programa de Governo do histórico adversário político e, durante décadas, inimigo no campo de batalha, que Fernando Heitor se foca no ataque ao vice-presidente da UNITA, Raúl Danda, deixando perceber que foi a escolha deste dirigente para a vice-presidência que também o empurrou para os braços do MPLA.

O ainda deputado da UNITA sugere mesmo que só uma forte "macumba" pode ter levado o presidente Isaías Samakuva, por quem Heitor diz ter o maior respeito (ambos na fotografia), a convidar Raúl Danda para seu vice-presidente, que, sublinha, coloca o partido numa posição mais fragilizada.

Já sobre os candidatos propostos pelo MPLA, João Lourenço e Bornito de Sousa, fernando Heitor tem rasgados elogios feitos nesta entrevista à MFM.

João Lourenço, que o MPLA quer ver eleito Presidente da República a 23 de Agosto, é, para Heitor "um bom líder", como o "mostrou durante a campanha" e um governante "humilde" como também mostrou sê-lo no ministério da Defesa, considerando que o candidato a Vice-presidente do partido no Governo, Bornito de Sousa, carrega com ele as mesmas qualidades.

UNITA não perde tempo com Heitor

Sobre este movimento de Fernando Heitor, o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, disse que "não vai perder muito tempo com isso", deixando perceber que a opção do histórico dirigente do "Galo Negro" não teve em conta a importância da diversidade étnico-cultural na direcção do seu partido, nomeadamente quando critica a origem cabindense do vice-presidente Raúl Danda.

"O dr. Fernando Heitor é livre de tomar as opções que melhor entender, é uma pessoa adulta e com capacidade para analisar o que pensa ser o melhor para ele e a UNITA não vai querer perder tempo com a sua decisão", afirmou Sakala ao Novo Jornal Online.

O porta-voz do "Galo Negro" disse ainda que a UNITA, ao contrário de outros partidos, como o MPLA, que tem a sua direcção confinada a uma origem étnico-cultural, conseguiu durante estas décadas construir os seus órgãos dirigentes com base numa multiplicidade de origens culturais e geográficas, querendo com isto observar que a origem em Cabinda do actual vice-presidente não é de somenos importância.

O porta-voz da UNITA concluiu acrescentando que "a escolha de Fernando Heitor em nada belisca aquilo que são as propostas do partido porque este tem uma direcção experiente e forjada naquilo que é uma visão clara do que é melhor para o futuro de Angola".