Denominando-se Movimento do Protectorado Português da Lunda Tchokwe, o seu secretariado executivo emitiu um comunicado onde recorda que "a manifestação esta consagrada Constituição" e recusa que tenha ocorrido, como a PN divulgou, uma rebelião e garante que é um movimento "contra a violência" como está inserido no seu manifesto de 2006, ano da sua criação, que é do conhecimento do Governo e da comunidade internacional.

"Não possuímos armas, não possuímos exercito", avança o Movimento, lembrando que é por isso que "foi aceite e registado nos Estados Unidos da América pelo Departamento de Justiça Federal" e pela Organização das Nações e Povos Sem Representação (UNPO, na sigla em inglês) como observador.

O secretariado Executivo, num extenso comunicado, emitido dois dias após os acontecimentos de Cafunfo, recorda que o próprio Estado angolano não o reconhece como uma "rebelião armada" porque se assim fosse, "a Presidência da Republica de Angola (...) não nos teria recebido no Cerimonial do Palácio da Cidade Alta em Luanda no dia 27 de Dezembro de 2017", encontro esse reconhecido em ofício, entre outras iniciativas envolvendo troca de comunicações com o Governo.

O Movimento nota ainda que "desde 2009 o governo angolano colocou mais de 300 activistas nas cadeias, uns julgados e condenados outros nem por isso" e, ainda assim, "nunca se recorreu a actos violentos", lê-se no documento.

E acrescenta que "não possui armas, não possui exercito, não é um Auto-Proclamado Movimento, é uma emanação do povo Lunda Tchokwe em defesa dos seus direitos cívicos, políticos e naturais plasmados na CRA, na Carta da ONU, da carta Africana dos direitos do Homem e dos Povos e na Declaração Universal dos Direitos Humanos".

Sublinha igualmente que as suas manifestações são convocadas nos termos da CRA e isso foi feito antecedendo este Sábado: "No dia 25 de Novembro de 2020, o Movimento endereçou uma Carta a Sua Excelência o senhor Presidente da Republica de Angola, nos termos do n.2 do artigo 47º da CRA, previa comunicação à autoridade competente, de convocação de uma manifestação que teria lugar dia 30 de Janeiro de 2021, sábado"

E explicitava o objectivo: uma manifestação pacífica alusiva aos 127 anos do reconhecimento internacional do Direito do Reino da Lundsa TChokwe e da necessidade de exigir diálogo ao Governo de Angola e da Comunidade Internacional para o estabelecimento da nossa autonomia".

Explica ainda que nos procedimentos anteriores à manifestação que acabou reprimida pelas forças de segurança, foram detidos vários membros do Movimento, apesar de vários contactos feitos com a polícia no sentido de informar sobre a manifestação.

"No dia 19 de Janeiro de 2021, o Secretario Regional de Cafunfo do Movimento do Protectorado Português da Lunda Tchokwe, senhor Zeca Mwandjaji, é notificado pelo SIC por volta das 20 horas para comparecer no dia 20 na Unidade Policial de Cafunfo", avançam como exemplo, tendo sido "ameaçados" de que seria reprimida qualquer manifestação, e lançando a acusação de os manifestantes foram infiltrados por elementos com o objectivo de gerar desordem.

E recusam de forma veemente as versões da PN e veiculadas pela "comunicação social angolana afecta ao governo que não buscam contraditório".