"A decisão do reinício das aulas para todos os níveis de ensino deve ser repensada tendo em conta a capacidade dos serviços de saúde de fazerem face à testagem em massa", disse hoje aos jornalistas a segunda vice-presidente do grupo parlamentar da UNITA, Navita Ngola.

A deputada, que fazia o balanço dos 60 dias de estado de emergência, referiu que os aglomerados nas escolas podem "causar graves problemas se não houver condições de biossegurança".

Na conferência de imprensa assistida pelo presidente do grupo parlamentar, Liberty Chiaka, a deputada solicitou ao Executivo alocar recursos públicos suficientes às necessidades dos cidadãos.

"O Executivo deve garantir a estabilidade macroeconómica do País, controlo da inflação, taxa de câmbio e dívida pública, funções estas que não devem ser postas em causa por nenhum estado de emergência", disse a deputada.

Navita Ngolo defendeu o "fortalecimento do sector da Saúde da República de Angola com recursos financeiros, humanos e materiais para enfrentar não só a emergência sanitária actual da Covid-19 mas também para manter o suporte continuo para atender doenças como a malaria, respiratórias, cardiovasculares, diarreicas, diabetes, HIV SIDA e tuberculose".

"Enquanto se combate a Covid-19, por um lado, e decorre a situação de calamidade pública por outro, torna-se necessário encetar uma forte campanha de sensibilização das comunidades sobre os cuidados a observar, pois muitas delas estão a interpretar este momento como sendo de liberdade para voltar aos velhos hábitos", referiu a deputada.

Defendeu também a criação de condições para o abastecimento de alimentos incentivando a agricultura familiar e facilitar os empresários no acesso às divisas para a importação de produtos diversos assegurando o equilíbrio e disponibilidades de alimentos, sobretudo produtos da cesta básica.

"Seria de todo salutar que as restrições que ainda vigoram no estado de calamidade não continuem a dar azo para que o uso de força pelas forças de defesa e segurança provoquem mais vítimas do que a Covid-19" disse, salientando que "é importante e urgente" que o Executivo "responda às necessidades das pessoas afectas pela fome e que a distribuição das cestas básicas não seja usada para fins eleitoralistas".