Os deputados da oposição criticaram a inclusão destas dotações argumentando que "as mesmas deveriam beneficiar os sectores da agricultura e social, que enfrentam vários problemas" e estão subfinanciados face à necessidades do país e às proclamações que são feitas pelo Governo.

Para o deputado da UNITA Alcides Sakala, por exemplo, "a questão da reinserção dos ex-militares continua inconclusiva e com muitas indefinições".

"Na proposta do OGE 2018 não há programas específicos relativos a esse assunto", disse Sakala, considerando importante este passo mais importante para a "manutenção da paz e estabilidade e afirmação da reconciliação nacional".

Um outro deputado da UNITA, David Mendes, alertou para que se melhorem as condições de funcionamento dos serviços prisionais, bem como o tratamento prestado aos cidadãos detidos nas cadeias.

"Os prisioneiros vivem em condições sub-humanas, sujeitos á má nutrição e vulneráveis a todo tipo de enfermidades", acusou David Mendes, em declarações ao Novo Jornal Online.

David Mendes insurgindo-se ainda contra abarcamento no OGE de valores para acções ligados ao partido MPLA e com torneios desportivos em homenagem ao ex-presidente da República, José Eduardo dos Santos, acrescentou, citado pela Lusa: "Não podemos compreender como se prioriza acções de carácter partidário ou político em detrimento das acções que tenham incidência na vida dos cidadãos", lamentou em declarações a Lusa David Mendes

Segundo David Mendes, para os torneios internacionais "Zé Du" em automobilismo o OGE reserva 13,7 milhões de Kuanzas e 27, 4 milhões de Kuanzas para o torneio de Hóquei em Patins.

O OGE 2018 conta ainda com uma verba de 25,5 milhões de kuanzas para apoiar a realização da edição deste ano do Campo Nacional de Férias dos Estudantes Universitários (Canfeu), promovido anualmente desde 2002 pelo secretariado nacional da organização da Juventude do MPLA (JMPLA).

O deputado da CASA-CE, Manuel Fernandes, também criticou a situação, salientando que tais valores atribuídos às instituições ligadas ao MPLA deveriam beneficiar o sector agrícola.

"A percentagem de 0,4 por cento atribuído ao sector agrícola é algo significativo para um país que quer combater a fome e a pobreza?", questionou Manuel Fernandes.

Para o deputado e presidente do PRS, Benedito Daniel, o OGE deve ser bem revisto para corrigir algumas irregularidades que penalizam vários sectores indispensáveis do país.

"Porque não canalizam o dinheiro no sector social que enfrenta muitos problemas?", questionou também o presidente do PRS.

A Assembleia Nacional de Angola aprovou recentemente, na generalidade, a proposta de Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2018, com despesas e receitas de 9,658 biliões de kwanzas.

A proposta de Lei do OGE 2018 foi aprovada com 144 votos a favor, do MPLA, nenhum contra e 56 abstenções, da UNITA, da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), PRS e da FNLA.