O tribunal vai juntar as declarações deste antigo director da Delta pelo facto de o Ministério Público (MP) ter apontado que a empresa que Paulo Cascão dirigia, a Delta Imobiliária, participou num esquema que terá causado um desfalque, por via da Sonangol Imobiliária, de vários milhões de dólares, ao Estado angolano.

Segundo o TS, a Polícia Judiciária portuguesa interrogou este antigo director a pedido da Procuradoria-Geral da República de Angola, sobre os factos constantes no processo-crime, que tem à cabeça os generais "Kopelipa" e "Dino".

As declarações de Paulo Cascão, segundo fontes do Novo Jornal, terão sido feitas depois de a PGR ter remetido o processo para julgamento.

Entretanto, para a descoberta da verdade, o tribunal vai juntar esta semana as declarações, após ter solicitado auxílio à PGR para que junto da sua congénere em Portugal remetesse para Angola os depoimentos prestados à justiça portuguesa pelo então director da Delta Imobiliária.

Fontes do Novo Jornal asseguram que o tribunal deverá proceder à leitura das declarações de Paulo Cascão na sessão desta semana, que está prevista para quarta-feira, dia 6.

Entretanto, a fase de interrogatório aos declarantes e às testemunhas arroladas no processo durou dois meses, mas de forma extra, o tribunal irá introduzir as declarações do responsável da Delta Imobiliária, antes da entrar na fase das alegações.

Em interrogatório, o tribunal ouviu algumas figuras do aparelho do Estado arroladas como declarantes. Entre estas figuras destacaram-se os nomes de Carlos Feijó, ex-ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, Carlos Alberto Lopes, antigo ministro das Finanças, Norberto Garcia, ex-director da extinta Unidade Técnica para o Investimento Privado (AIPEX), Fernando Fonseca, ex-ministro da Construção e Flávio Leonel, antigo responsável da Sonangol Imobiliária e Propriedades (SONIP).

São arguidos Manuel Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa", Leopoldino Fragoso do Nascimento "Dino", Fernando Gomes dos Santos, Yiu Haiming, e as empresas Plansmart International Limited e Utter Right International Limited.

Os arguidos são acusados da prática dos crimes de peculato, burla por defraudação, falsificação de documentos, associação criminosa e abuso de poder.