Milhares de pessoas são obrigadas a percorrer quilómetros a pé por falta de táxis e os taxistas dizem que estão a ser impedidos pelos agentes da ordem de efectuarem carregamento de passageiros nas paragens habituais.
Os cidadãos, maioritariamente, funcionários públicos e comerciantes, que diariamente passam por essas dificuldades, dizem não perceber as razões que levam as autoridades policiais a impedirem à circulação dos táxis em muitos pontos de Luanda e afirmam que tal medida está a criar incómodo às pessoas que saem de casa para trabalhar, porque as suas profissões estão abrangidas pelas excepções do estado de emergência ou porque a necessidade de alimentar as famílias assim impõe.
Marlene de Melo, que reside no Cazenga e trabalha em Viana, disse ao Novo Jornal que tem tido muitas dificuldades para chegar ao trabalho e regressar a casa todos os dias, porque as duas paragens onde diariamente apanha o táxi, estão encerradas.
"Ultimamente, tenho andado muito a pé, os táxis já não carregam nas paragens habituais e tem vezes que são obrigados a descarregaram os passageiros ao longo do caminho", lamentou.
O taxista Osvaldo Bessa contou que tem sido "uma dor de cabeça" trabalhar nos últimos dias, face às constantes restrições que a PN está a impor à circulação dos táxis.
"Estamos a ser impedidos de chegar a Viana. Só temos que chegar no antigo mercado da Estalagem e regressar, os passageiros que pretendem chegar na Vila ou na Comarca têm de caminhar o resto do caminho - cerca de 2,5 km"s", contou e acrescentou que, "mesmo sem passageiros, persistem os impedimentos de circular em vários pontos de Luanda".
O que diz a organização profissional dos taxistas?
Ao Novo Jornal, o presidente da Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA), Francisco Paciente, disse que "os constantes impedimentos são somente para os táxis azuis e brancos" e que "não se percebe as razões de tal obstrução", com maior realce para os municípios de Cacuaco, Belas e Viana, onde não está a ser permitido a circulação de nenhum táxi.
"Estão a impedir que circulemos e as pessoas estão a andar a pé. Quando questionamos, a PN não nos responde e ainda julgam que isso é desacato e nos ameaçam com prisão", lamentou.
Segundo o presidente da ANATA, muitas paragens foram encerradas pelas administrações municipais e pela Polícia Nacional de forma a que nenhum táxi pare nela.
"Os azuis e brancos são abrigados a procurar alternativas no interior dos bairros. E como não são locais próprios, porque os próprios estão encerrados, os taxistas têm tido muitos problemas com os agentes da ordem, que pensam que é desacato e prendem as viaturas", salientou.
Francisco Paciente disse ainda que as autoridades policiais estão a impedir a circulação de táxis na Rua dos Comandos, no Cazenga, no sentido Viana/Cazenga, uma situação que está a criar muitos constrangimentos à população.
E a PN responde!
O comandante provincial da Unidade de Trânsito de Luanda, superintendente Manuel Albano, disse ao Novo Jornal que a PN não está a dificultar a vida dos taxistas, mas sim a por ordem nas paragens face aos aglomerados de pessoas que não obedecem às orientações de distanciamento social que resultam do estado de emergência em curso para combater a pandemia da Covid-19.
Segundo Manuel Albano, os taxistas são obrigados a descarregar os passageiros quando estes estão a levar passageiros fora do limite estabelecido.
Questionado sobre o barramento que se tem verificados em vários paragens da capital, o comandante provincial da Unidade de Trânsito de Luanda disse que o mesmo visa desincentivar os aglomerados dos passageiros e negou haver impedimento na circulação de táxis nos municípios de Cacuaco, Belas e Viana.