Paulo de Almeida, que recorreu a exemplos como o da criança de nove anos, que foi brutalmente agredida por uma inspectora-chefe da corporação, e o do agente que disparou contra a noiva por esta se recusar a engomar-lhe uma camisa, afirmou que, embora os casos tenham ocorrido fora do âmbito profissional, mancham a imagem da corporação.

"Nós jurámos ser o exemplo da ordem, do respeito à Lei, e aos direitos humanos, pelo que não pode um agente da autoridade ser autor de acções bárbaras contra o próximo".

As declarações do comandante-geral da Polícia Nacional foram proferidas durante o acto que marcou o 23º Aniversário da Polícia Fiscal, que decorreu na Unidade Fiscal Marítima, na Ilha de Luanda, mas já na semana passada, durante a celebração do 27 ° aniversário da Polícia de Intervenção Rápida, Paulo de Almeida deixou alguns avisos aos efectivos daquela força policial.

O comandante-geral da Polícia Nacional lembrou aos efectivos que a PIR "não é uma polícia do dia-dia", ao contrário do que tem vindo a acontecer, com os agentes a comportar-se como se da Ordem Pública se tratasse, e a fazer trabalho de giro e atrás da "gasosa", como se queixaram vários populares ao NJOnline.

"O ex-comandante-geral da Polícia Nacional, Ambrósio de Lemos, cometeu muitos erros quando meteu esta polícia nas ruas, agora também já está", disse Gustavo Luís, um desempregado que foi interpelado na via pública e ao qual pediram 2.000 kwanzas para fecharem os olhos à ausência de documento de identificação.

Já estudante universitária Dilma Lemos disse ao NJOnline que foi abordada por efectivos da PIR que estavam a fazer patrulhamento apeado no bairro da Terra Nova, na rua Henrique Gago da Graça, adjacente à antiga fábrica de cigarros FTU para lhe extorquirem 4.000 Kwanzas porque estava a "circular na rua sem o seu bilhete de identidade (BI)".

"Eu nem tinha noção que a PIR fosse como os polícias de giro, que estão habituados a pedir dinheiro aos peões e aos automobilistas", desabafou, revelando que estava a sair da casa da sua mãe, no bairro da Terra Nova, quando foi interpelada por três agentes fardados e munidos de AKM-47.