No balanço do primeiro dia da "Operação Resgate" nas ruas da Gajageira, cumprido esta segunda-feira, 3, o vice-presidente da CACL, Ermelindo Pereira, admitiu alguns excessos, entendimento partilhado pelo ministro do Interior, Ângelo da Veiga Tavares, que confirmou ter havido uma postura excessiva de alguns agentes.

Falando à margem da entrega de viaturas a alguns órgãos do Ministério do Interior, esta terça-feira, 4, o ministro, citado pela Angop, reconheceu que a acção foi "menos correcta" e garantiu que os agentes faltosos serão alvo de medidas disciplinares.

Já o o vice-presidente da CACL defendeu que houve mal-entendidos. "Infelizmente alguns operativos, por excesso de zelo de interpretação das orientações, acabaram por ter este tipo de atitude em relação às mercadorias das senhoras", disse o responsável, reagindo à reclamação das zungueiras sobre o confisco dos seus produtos.

"No nosso entender foi uma falha de comunicação", insistiu Ermelindo Pereira, falando à TPA.

O vice-presidente da CACL precisou que como "um dos objectivos da Operação Resgate é repor tudo o que está fora da legalidade", os agentes entenderam que também deveriam retirar as mercadorias depositadas nas casas de processo, visto que as mesmas "por si só são uma actividade ilegal".

Ermelindo Pereira sublinhou que as mercadorias "não foram roubadas nem levadas para sítio incerto", explicando que os produtos foram encaminhados para um parque utilizado pela Fiscalização, e situado no distrino urbano do Sambizanga.

Segundo o responsável, as zungueiras, uma vez credenciadas e identificadas, foram conduzidas a esse local para recuperarem os seus pertences.

As autoridades reiteram que a intervenção não deve ser vista como um ataque às vendedoras, mas sim como um esforço do Estado em pôr fim à venda desordenada.

A estratégia continua contudo a ser contestada pelas zungueiras, que ontem marcharam em direcção à Cidade Alta para apelar à intervenção do Presidente da República, a quem pedem que autorize a venda nos passeios durante o mês de Dezembro. O protesto, que juntou cerca de 50 vendedoras, foi travado pela Polícia quando seguia para o Palácio Presidencial.