O fim-de-semana ficou aliás marcado pelas declarações do Presidente da República, João Lourenço, e do porta-voz da Polícia Nacional, Valdemar José, admitindo ambos a possibilidade de haver um retrocesso nas medidas de desconfinamento.

João Lourenço, em declarações à imprensa à margem da cerimónia de inauguração, no Sábado de manhã, do Hospital de Dia, uma nova unidade hospitalar que vai reforçar os serviços de assistência clínica no Hospital Pediátrico David Bernardino, lembrou o recuo que está a acontecer em outros países para dizer que, caso haja um descuido, o mesmo "pode acontecer em Angola".

"Angola não é especial. Angola pode ser diferente, dependendo sempre do nosso comportamento, das nossas atitudes", disse, acrescentando: "Se o desconfinamento for paulatino e responsável, com responsabilidade dos cidadãos em continuarem a utilizar as máscaras, lavarem as mãos com frequência, manterem o distanciamento entre as pessoas, pode-se fazer o desconfinamento sem que haja o grande risco de aumentar os casos positivos, portanto, tudo depende de nós".

À noite, numa conferência de imprensa depois do balanço diário da situação da Covid-19 no País, o porta-voz da Polícia Nacional, Valdemar José, criticou o incumprimento das regras da situação de calamidade pública e avisou que "talvez" seja necessário adoptar "medidas mais severas" ou voltar ao estado de emergência.

"Talvez tenhamos de voltar ao estado de emergência, talvez tenhamos necessidade de voltar a confinar ou que as autoridades tenham de tomar medidas mais severas", afirmou Valdemar José, dando vários exemplos da violação das regras: ginásios que abrem de forma clandestina, restaurantes que não respeitam as medidas de distanciamento, festas fora de casa com mais de 50 pessoas, vendedores ambulantes que vendem em dias e horas que não são permitidos, pessoas nas praias quando só vão abrir a partir de 15 de Agosto ou igrejas que excedem os limites de lotação.

O subcomissário anunciou também, no mesmo dia, que foi adiada a retoma das visitas a estabelecimentos prisionais em Luanda, prevista para esta segunda-feira, sem indicar nova data.

Angola regista 267 casos, com 199 de transmissão local, 11 mortos, 93 recuperados e 163 activos, entre estes, seis considerados em estado crítico.

Com os dois casos registados no domingo, sem que se conheça a origem da infecção, o País passa a contar com 33 doentes cuja origem da infecção está em estudo, embora oficialmente não tenha ainda sido confirmada a transmissão comunitária.

Depois da terceira prorrogação do estado de emergência, que vigorou no País entre 27 de Março e 25 de Maio, foi declarada situação de calamidade pública, com um alívio das medidas de confinamento.