Estes 10 policias estão detidos, segundo adiantou Waldemar José, porta-voz do Ministério do Interior (MinInt), na conferência de imprensa diária sobre a pandemia da Covid-19 em Angola, por envolvimento em situações que resultaram na morte de pessoas desde que foi declarado o estado de emergência no País para conter a expansão do novo coronavírus, a 27 de Março.

Estes agentes da polícia vão responder disciplinar e criminalmente pelos actos que alegadamente cometeram, estando já a decorrer os respectivos inquéritos e processos criminais a cargo do Ministério Público e da corporação, garantiu o subcomissário da PN, director de gabinete de comunicação do MinInt.

A informação foi passada aos jornalistas numa altura em que, depois do caso de George Floyd, de 46 anos, que morreu a 25 de Maio, também em Angola se somam situações onde cidadãos morrem por intervenção policial e os partidos da oposição, como a UNITA fez, tornam publicas posições onde tecem comparações entre as duas realidades nacionais, ao mesmo tempo que a sociedade mostra cada vez menos tolerância para os abusos policiais.

Recorde-se que Floyd morreu com o seu pescoço esmagado contra o asfalto pelo joelho de um polícia branco, episódio brutal que ganhou dimensão global por ter sido transmitido quase em directo pelas redes sociais, ouvindo-se claramente a sua voz a implorar ao agente Derek Chauvin, acusado de homicídio em 2º grau, para poder respirar.

Um dos últimos episódios em que cidadãos morreram aparentemente sem explicação às mãos da polícia ocorreu no mesmo dia que George Floyd morria em Minneapolis, a 25 de Maio, envolvendo o secretário nacional do Sindicato dos Professores e Trabalhadores do Ensino Não-Universitário (SIMPTENU) Lazarino Santos, e um seu colega, Álvaro Estevão, à porta de sua casa.

Waldemar José, na mesma ocasião em que avançava com esta informação, sublinhava a importância de não poder ser confundida a actuação de alguns agentes com os 120 mil que compõem o todo da Polícia Nacional.

O oficial aproveitou ainda para pedir desculpa às famílias das pessoas que perderam à vida devido ao uso excessivo de força policial por parte de alguns efectivos.

E reafirmou que os elementos da PN e das Forças Armadas Angolanas quando vão para a rua é com a missão de proteger os cidadãos, recusando de forma liminar que levem com eles quaisquer orientações contrárias a isso.

"Nós não somos inimigos dos cidadãos, mas existimos para garantir a legalidade, manter a tranquilidade e a ordem pública, assim como todos os princípios que norteiam o Estado democrático e de direito", sublinhou o subcomissário, citado pela Angop.