No início da semana, soube-se que, afinal, os motivos que levaram o Sindicato dos Pilotos da TAAG (SPLA) a suspender a greve convocada em Setembro do ano passado não foram resolvidos, pelo que o anúncio de greve voltou a estar na «ordem do dia». Está-se mais para paralisação ou nem por isso?

Houve uma má interpretação da agência de notícias que anunciou a informação sobre uma eventual greve. Em momento algum se disse que entraríamos em greve. O que se disse é que há um processo negocial, e este processo negocial é de desfecho imprevisível.

Imprevisível?

Sim. Neste momento, o processo negocial baseia-se, essencialmente, no reajuste dos salários da classe dos pilotos.

Mas não é este reajuste de que sempre se falou e esteve na base de vários anúncios de greve dos pilotos da TAAG, que, contudo, não se efectivaram?

Sim. Temos estado, há longos anos, à espera que se proceda ao que está estipulado nos acordos que vêm desde 2005, onde foi estabelecida a base salarial dos pilotos. Com a alteração da lei que não permitia pagamentos em divisas, foi feito um acordo em 2013, onde está escrito que todas as remunerações são praticadas em moeda nacional ao câmbio do dia do BNA (Banco Nacional de Angola) ou ao câmbio praticado nas lojas de venda da TAAG.

Fale-nos dos valores fixados nos acordos.

No protocolo de 2013, deu-se seguimento ao acordo de Outubro de 2005, onde está estipulada a base salarial e outras remunerações acessórias.

Mas quais são precisamente estes valores?

Os pilotos propuseram à empresa um reajuste na base do salário de 2005, que é de 3800 dólares. Mas, atenção: estes 3800 dólares não são para qualquer piloto.

Quem deve beneficiar?

São para o comandante top da companhia. Ou seja, são para o comandante de 777, que tem entre 15 e 20 anos de actividade, suficientes para poder atingir este posto.

Qual é o valor mínimo que se negociou como reajuste salarial para a classe de pilotos?

A partir de 2013, começou a haver oscilações no câmbio, aí começaram os problemas, porque a TAAG deixou de poder fazer os reajustes. Só sob pressão é que a TAAG fazia estes reajustes, daí que houve vários anúncios de greves que foram, depois, suspensas.

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