O Fórum Global de Pesquisa e Inovação, que vai decorrer entre 11 e 12 de Fevereiro, em genebra, servirá para mobilizar acções internacionais em resposta ao novo coronavírus, o 2019-nCoV, numa altura em que em vários pontos do globo há equipas a trabalhar para a descoberta de uma vacina e de um tratamento contra o vírus.

O director-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que "aproveitar o poder da ciência é fundamental para controlar esse surto", acrescentando que "existem perguntas para as quais são necessárias respostas e ferramentas que precisam de ser desenvolvidas o mais rapidamente possível".

Mais de 560 mortos

Segundo o mais recente balanço oficial de vítimas e infecções do Vírus de Wuhan, já morreram mais de 560 pessoas em cerca de 28 mil casos de contágio, sendo que a esmagadora maior parte, está concentrada na China, sendo que em apenas um dia foram registados mais 70 casos letais e mais 3.600 contaminações.

No resto do mundo fora registados 260 casos em 31 países além da China, com duas mortes confirmadas nas Filipinas e em Hong Kong, sendo que esta região autónoma chinesa foi a primeira a decidir pela quarentena obrigatória de 14 dias a todos aqueles que ali aportem provenientes da China continental.

Em vários países, como Japão, Itália, Hong Kong, entre outros, estão actualmente dezenas de milhares de pessoas em quarentena forçada a bordo de navios de cruzeiro, com mais de meia centena de casos confirmados.

Enquanto isso, as autoridades sanitárias chinesas já admitiram que a busca de uma vacina ou um medicamento eficaz contra este coronavírus, que foi descoberto em Dezembro, na cidade de Wuhan, com mais de 11 milhões de pessoas actualmente em quarentena rígida, está a revelar-se mais complicado que o esperado, sendo o calendário mais razoável para que haja novidades o final do ano.

Mas, nos próximos dias, a OMS vai reunir em Genebra, na sua sede na Suíça, mais de duas centenas de especialistas em vacinas, medicamentos e diagnóstico para estabelecer um programa de acção de combate a esta epidemia.

O impacto económico deste coronavírus vai-se consolidando, especialmente na China, com várias cidades paradas devido a quarentenas, com muitas fábricas paradas, destas destacam-se as multinacionais da Apple, da Airbus ou da Amazon, ou ainda no sector automóvel, o que está a reduzir fortemente as exportações da segunda maior economia do mundo.

E África, também aqui, está na linha da frente das potenciais vítimas, porque, como já começam a mostrar os indicadores, com o arrefecimento da economia chinesa e do seu sector exportador, a importação de matérias-primas a partir de África está a diminuir, para já de forma ténue, mas com tendência crescente.

O vírus em Angola

A par das medidas em curso aplicadas pelo Ministério da Saúde, como o controlo à chegada nas várias fronteiras do país, é a comunidade chinesa em Angola que está a aplicar as medidas mais dramáticas, como explicou o seu embaixador, Gong Tao, em Luanda.

Evitar as viagens de e para a China e a redução da mobilidade interna são algumas das medidas auto-impostas pela comunidade chinesa em Angola de forma a contribuir para o combate global em curso contra o coronavírus.

Segundo o embaixador chinês em Angola, Gong Tao, em conferência de imprensa na passada semana, estas medidas que estão a ser seguidas pelos membros da comunidade chinesa em Angola, que ultrapassa os 250 mil, são voluntárias, porque, apesar de ter lançado um alerta internacional de saúde pública, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não proibiu a movimentação de pessoas e bens.

Isso está a ser realidade também junto daqueles que se deslocaram por estes dias à China para comemorar junto das suas famílias o Ano Novo Lunar, a maior festa chinesa, e estão a retardar o regresso no âmbito das medidas preventivas consideradas adequadas.

Os que regressaram há poucos dias, para evitar quaisquer riscos, estão a proceder ao auto-isolamento.

O diplomata chinês, em conferência de imprensa realizada na sexta-feira em Luanda, admitiu que o vírus de Wuhan vai ter um impacto negativo nas relações económicas entre os dois países, mas notou que o mais importante é estancar esta pandemia porque os negócios podem esperar, "têm tempo".

Tao disse que a embaixada tem estado em permanente contacto com as autoridades angolanas, partilhando informações e cooperando no que diz respeito à assistência sanitária.

A embaixada está "muito atenta" no que diz respeito à comunidade chinesa, monitorizando a situação, sublinhando que para a representação diplomática de Pequim em Luanda, a saúde do povo angolano é tão importante como a do povo chinês.

Luanda não cancelou ou desaconselhou viagens para a China.

Com uma progressão muito mais rápida e letal que a pandemia de Síndrome Respiratório Agudo Grave (SARS, em inglês), igualmente com início na China, que em 2002/2003 fez cerca de 750 mortos e pouco mais de seis mil casos de contaminação confirmada em dezenas de países em mais de 18 meses, este vírus está a mostrar ser muito mais robusto e com uma capacidade de disseminação geográfica incomparável.

Uma das razões pela qual a OMS mostra maior inquietude é que este vírus, descoberto na cidade chinesa de Wuhan em Dezembro, rapidamente revelou a sua capacidade de contágio humano-a-humano e consegue passar de indivíduo em indivíduo ainda na sua fase inicial de incubação, onde não se mostra através dos sintomas do hospedeiro, o que dificulta de forma séria o trabalho de combate das equipas sanitárias e dos investigadores que em todo o mundo procuram a melhor forma de combate a este novo inimigo público da humanidade.

No entanto, a taxa de mortalidade deste coronavírus é inferior, substancialmente, à do SARS de 2002/2003, estando actualmente numa média de 2,2 por cento, quando há 17 anos, a média de letalidade por cada 100 contaminações, foi de quase 9,5 por cento.

O vírus, o que é e o que fazer, sintomas

Estes vírus pertencem a uma família viral específica, a Coronaviridae, conhecida desde os anos de 1960, e afecta tanto humanos como animais, tendo sido responsável por duas pandemias de elevada gravidade, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), transmitida de dromedários para humanos, e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), transmitida de felinos para humanos, como início na China.

Inicialmente, esta doença era apenas transmitida de animais para humanos mas, com os vários surtos, alguns de pequena escala, este quadro evoluiu para um em que a transmissão ocorre de humano para humano, o que faz deste vírus muito mais perigoso, sendo um espirro, gotas de saliva, por mais minúsculas que sejam, ou tosse de indivíduos infectados o suficiente para uma contaminação.

Os sintomas associados a esta doença passam por febres altas, dificuldades em respirar, tosse, dores de garganta, o que faz deste quadro muito similar ao de uma gripe comum, podendo, no entanto, evoluir para formas graves de pneumonia e, nalguns casos, letais, especialmente em idosos, pessoas com o sistema imunitário fragilizado, doentes crónicos, etc.

O período de incubação máximo é de 14 dias e durante o qual o vírus, ao contrário do que sucedeu com os outros surtos, tem a capacidade de transmissão durante a incubação, quando os indivíduos não apresentam sintomas, logo de mais complexo controlo.

A melhor forma de evitar este vírus, segundo os especialistas é não frequentar áreas de risco com muitas pessoas, não ir para espaços fechados e sem ventilação, usar máscara sanitária, lavar com frequência as mãos com desinfectante adequado, cobrir a boca e o nariz quando espirrar ou tossir, evitar o contacto com pessoas suspeitas