Paulo de Almeida teceu estas considerações na abertura do curso básico de polícia dos efectivos provenientes das Forças Armadas Angolanas (FAA), que decorreu no final da tarde de quinta-feira, 8, nas instalações da Escola Nacional de Polícia de Protecção e Intervenção.

"O polícia é um homem de sacrifícios, é um homem de reserva moral desta sociedade. Todos nós sabemos e temos consciência que não estamos numa situação normal no País, ainda temos muitas dificuldades, ainda cometemos muitos erros, ainda temos muitas insuficiências e deficiências", disse, acrescentando que a PN tem de ter a moral firme, segura e confiante.

Paulo de Almeida sublinhou que a Polícia Nacional teve um processo intensivo de admissão do pessoal proveniente da FAA, porque tiveram de fazer a selecção dos efectivos.

"Qualquer ingresso para qualquer instituição tem sempre fases a cumprir, e essas fases foram cumpridas. Vocês tem consciência de que houve algumas pessoas que queriam viciar este processo, pessoas que nunca viram uma farda na vida que queriam se infiltrar no vosso contingente", denunciou, salientando que a inspecção do Comando Geral da Polícia Nacional notou a existência de algumas pessoas que estavam a ser procuradas pela justiça que queriam infiltrar-se no grupo dos ex-militares.

"Também notámos a existência de muitas pessoas que não tinham sido aprovadas e qualificadas e que tentaram entrar na corporação. Nós não podíamos estar distraídos com esta situação, tivemos de trabalhar com as cautelas devidas, e chegámos à conclusão, ao fim deste trabalho. Hoje estão aqui, e o que esperamos de vocês agora é que sejam bons polícias, se ontem foram bons militares, hoje têm que ser bons polícias", apelou.

O responsável revelou ainda que no grupo dos ex-militares foi encontrado um "batuqueiro", vulgo, assaltantes de carros.

"Não é este tipo de polícia que nós queremos, estamos a pugnar por uma sociedade livre e aberta. Onde os cidadãos têm os seus direitos previstos na Constituição, e somos nós que devemos garantir estes direitos aos cidadãos... o direito à vida, o direito ao trabalho, o direito à expressão de manifestação", declarou o comissário-geral durante o seu discurso de abertura.

O número um da Polícia Nacional avisou aos novos efectivos que já não irão fazer recruta, afirmando que "quem entrou na Polícia Nacional pela porta do "Cavalo vai passar mal".

"Porque nós já não vamos dar recruta, aqui vamos dar a especialidade. Especialidade de serem policiais, vamos dar-vos a profissão, o início da carreira policial, então têm é de aprender, têm de estudar, têm de se aplicar para que amanhã saiam daqui bons garantes da ordem e da tranquilidade públicas", defendeu, acrescentando que não é uma tarefa fácil ser polícia, "porque a polícia não tem dia não tem noite, não tem sol nem chuva, não tem Natal nem Páscoa, somos 24/24 horas, por isso devem estar preparados para este desafio", informou.