Esta situação, adiantou Manuel Zangala, para além de obrigar os menores a percorrerem longas distâncias para frequentarem o sistema de ensino do pais vizinho, obriga ainda a que sejam ensinadas numa língua falada no país vizinho e de acordo com o seu programa nacional de ensino.

O NJOnline contactou o governador provincial do Uíge, Pinda Simão, antigo ministro da Educação, mas este remeteu o assunto para Manuel Zangala.

Esta situação foi inicialmente denunciada pelo director interino do Gabinete Municipal de Educação de Maquela do Zombo, Zino Gastão, que se disse preocupado porque as crianças que vão para a RDC, ao invés de serem ensinadas na língua portuguesa, são ensinadas em lingala, a língua mais falada na região sul do Congo.

"As crianças que estão a ir em busca do conhecimento na RDC residem nas comunas que estão na margem do rio Nzadi, que serve de fronteira entre os dois países. A falta de professores é o principal motivo que obriga os petizes a fazerem longas distâncias a pé até à Republica Democrática do Congo em busca de saber", lamentou.

De acordo com Zino Gastão, citado pela RNA, o município de Maquela do Zombo tem 137 escolas, das quais 28 estão encerradas por falta de professores.

"Maquela do Zombo tem problemas graves no que diz respeito a docentes porque é um município vasto. Tem 137 escolas, 96 primarias, sete colégios e seis liceus", disse, acrescentando que as 28 escolas que estão encerradas são do ensino primário por falta de professores.

Por outro lado, Manuel Zangala contou ao NJOnline que, para além de Maquela do Zombo, situação semelhante acontece também nos municípios de Quimbele e Milunga, situados a norte da província.

"Confirmo o encerramento de 108 escolas por falta de professores, mas com a realização do concurso público, dentro em breve vamos repovoar esses estabelecimentos de ensino com professores", garantiu.

Segundo Manuel Zangala, no município de Maquela do Zombo, uma boa parte das crianças das comunas Cuilo Futa e Sakandika, estudam na RDC.

"No município de Quimbele, as crianças que estudam na RDC são das comunas de Kuango, Icoca e Alto Zaza, ao passo que no município de Milunga, vão para RDC as crianças da comunas de Macolo e Massau", concluiu.