Numa análise ao Orçamento do Estado de Angola para o próximo ano, os economistas do BPI consideram que "a dívida pública que, segundo o Fundo Monetário Internacional, superará os 75% no final de 2016 é seguramente um cenário arriscado para uma nação como Angola".

Em causa está o forte abrandamento do crescimento económico e a desvalorização da moeda nacional, que torna o pagamento dos juros da dívida mais caro, num cenário em que pelo menos até 2021 o rácio da dívida sobre o PIB vai manter-se acima dos 65%.

"Tudo está dependente da evolução do preço do petróleo", lê-se na análise ao Orçamento, assinada pelo economista José Miguel Cerdeira, que no BPI acompanha a economia angolana.

"Se houver uma subida sustentada em 2017 [do preço do petróleo] para a casa dos 60 dólares por barril, todo o cenário é mais facilitado para Angola, e torna-se mais possível a manutenção do câmbio", escreve, ressalvando que, ainda assim, o cenário mais provável aponta para "um câmbio menos forte para a moeda angolana".

Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise económica e financeira devido à quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo, que por sua vez fez diminuir a entrada de divisas no país, travando as importações.

O Governo prevê um crescimento da economia em 2017 equivalente a 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB), face aos 1,1% admitidos para este ano, na revisão do Orçamento aprovado em Setembro, na Assembleia Nacional.

Além disso, está previsto um novo défice orçamental, de 5,8% do PIB, nas contas públicas do próximo ano.