Sem o combustível da guerra que decorria sobre o estratégico Golfo Pérsico, o Brent ficou sem vigor, tal como o WTI, e sem sustento para se manterem nos quase 80 USD por onde andaram desde que Israel atacou o Irão a 13 de Junho.
Desvalidos, os mercados nem notaram que este acordo de cessar-fogo está assente num pilar frágil, desde logo porque Trump, que anunciou e mediou o cessar-fogo, é apenas um dos intervenientes directos no conflito, desde que no passado fim-de-semana os EUA atacaram o Irão.
E nem deram conta que ainda esta manhã de terça-feira, 24, apenas Israel, o agressor inicial, e depois de 12 dias a sofrer ataques intensos e surpreendentes pelos misseis iranianos, trespassando s suas famosas defesas anti-aéreas, tinha vindo a público admitir o acordo.
Embora seja igualmente verdade que o Irão já tinha anunciado, pela voz do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Abbas Araghchi, que pararia com as hostilidades se Israel fizesse o mesmo.
E foi neste contexto que o barril de Brent "acordou" esta manhã a valer quase menos 13 USD que o máximo atingido no decurso deste conflito, que foi 80 USD, embora, com o passar das horas, tenha recuperado ligeiramente para os 68,4 USD, embora com uma perda de quase 4% face ao fecho anterior, segunda-feira, 23, dia onde já se tinham verificado perdas substantivas.
Este alívio nos mercados, mas novo stresse para as economias mais petrodependentes, como a angolana, resulta do afastamento da possibilidade de um bloqueio do Estreito de Ormuz, que liga o Golfo Pérsico e o Oceano Índico, por onde passam mais de 25% do crude consumido em todo o mundo e ainda ¼ do gás natural.
Igualmente clara é a fragilidade deste acordo anunciado por Donald Trump, considerando que o Irão também tinha afirmado, pela voz do seu Líder Supremo, aiatola Ali Khamenei, que Teerão não aceitaria "nunca" perder a face perante Israel, e isso não é claro se ficou resolvido, visto que os danos causados por Israel no Irão são muito superiores ao inverso.
Segundo o Governo de Telavive, o cessar-fogo foi desrespeitado pelo Irão cerca de três horas depois de ter entrado em pleno vigor, que seria às 07:00 locais, até às 19:00, com o lançamento de pelo menos um míssil pelos iranianos.
Embora a situação seja complexa e pouco clara, parece que Israel ripostou à alegada violação do acordo de cessar-fogo pelo Irão com novos ataques em Teerão.