Este pedido de falência deu entrada no sistema judicial suíço e ocorre depois de a empresa ter falhado a tentativa de encontrar um comprador.

Segundo a Bloomberg, que cita uma nota da empresa, as negociações para a sua venda estavam em curso há vários meses.

A de Grisogono, em 2018 e 2019, deu sinais de problemas financeiros graves tendo mesmo recorrido a despedimentos de quase 80 por cento da sua força laboral, depois de ter feito uma forte aposta no mercado norte-americano.

Com o insucesso da venda da empresa, esta viu-se obrigada a pedir para aderir a um sistema de protecção legal com as autoridades locais que, se for aceite, irá afectar 65 postos de trabalho que se mantêm.

A de Grisogono, detida em mais de 70% pela empresária Isabel dos Santos e o marido, Sindika Dokolo, tinha anunciado já em Abril de 2018 que estava obrigada a despedir pelo menos 40 trabalhadores devido a dificuldades financeiras que resultaram da perda dos privilégios que detinha com a parceria com a Sodiam, que permitia adquirir diamantes angolanos em condições especialmente vantajosas devido à legislação que vigorou antes da chegada de João Lourenço ao poder, através do mecanismo de clientes preferenciais da Sociedade de Comercialização de Diamantes de Angola.

Com essa parceria anulada, a empresa, que se notabilizara ainda com a aquisição, por 16 milhões USD, do maior diamante angolano, de 404 quilates, encontrado em 2016, e que os joalheiros da de Grisogono transformaram numa jóia rara de mais de 160 quilates que foi leiloada pela Christie"s, em Genebra, por cerca de 34 milhões de dólares.

Recorde-se que em 2018 a SODIAM anunciou a saída da sociedade Victoria Holding Limited, por via da qual, de forma indirecta detinha uma participação societária minoritária na sociedade holding do grupo joalheiro De Grisogono, "por razões de interesse público e de legalidade".

Segundo um comunicado da empresa pública, divulgado a 1 de Dezembro de 2017, a sua participação, ainda que minoritária na sociedade de direito maltês Victoria Holding Limited, e indirectamente no grupo joalheiro De Grisogono, "gerou, desde a sua constituição em 2011 exclusivamente custos para a SODIAM".

Entretanto, recorde-se, Sindika Dokolo, em meados de Dezembro último, anunciou que deu entrada de um processo contra a SODIAM, no qual exige exige uma indemnização avultada, ao mesmo tempo que acusava a administração da diamantífera de ter destruído "deliberadamente" o valor da `De Grisogono` onde afirmou ter perdido 120 milhões de dólares.