Angola tem no petróleo perto de 95% do total das suas exportações, vale cerca de 35% do PIB e equivale a 60% das suas receitas fiscais, números que garantem que o Executivo que vier no pós-eleições de 24 de Agosto a governar o País vai olhar com preocupação para os gráficos que medem a "temperatura" ao negócio global da matéria-prima.

Por detrás desta queda está o momento actual da economia mundial, sob uma avalanche de inflação, desemprego e desconfiança gerados pelos efeitos colaterais da guerra da Ucrânia e ainda os restos da pandemia da Covid-19, especialmente na China, com os recentes confinamentos a gerar pesadelos aos agentes económicos.

Mas os números não enganam e esta descida acentuada é um recorde em baixa de muitos meses, sendo que, por exemplo, em relação ao Brent, só a 16 de Fevereiro se encontra o barril dentro da casa dos 93 USD. Cenário é semelhante quanto ao WTI, em Nova Iorque.

Os dados da economia global a mostrarem o enfraquecimento da procura levou a esta queda no valor da principal matéria-prima de exportação em Angola, embora alguns analistas admitam que, como refere a Reuters, isso se deva à manipulação de dados por parte das potências económicas ocidentais que estão num acalorado processo de pressão sobre os países da OPEP+ para aumentarem a produção de forma a baixar os preços, sem sucesso.

Numa semana, segundo os sites da especialidade, o petróleo Brent caiu perto de 14%, um recorde desde Abril de 2020, momento em que a pandemia da Covid-19 caiu que nem uma bomba na economia global, enquanto no WTI o tombo foi de quase 10%.

Com os actuais números espelhados nos gráficos que medem o negócio do crude em todo o mundo, os ganhos avultados conseguidos pelos países exportadores claramente evaporaram, o que permite adivinhar que a OPEP+, na sua próxima reunião, possa alterar os planos, optando por uma recuperação da produção menos efusiva que aquilo que está previsto para Setembro.

As melhorias verificadas nas economias dos EUA e da China, os dois maiores consumidores do mundo, e a duas maiores economias do Planeta, podem vir a alterar este quadro negativo, mas, para já, países como Angola, cujas economias dependem fortemente das exportações de energia, vão enfrentar problemas.