Por detrás desta derrocada está o pânico que atingiu os mercados globais devido à progressão aparentemente imparável da pandemia de coronavírus em todo o mundo.

Com o Médio Oriente a revelar-se como uma das geografias a merecer maior atenção por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS), especialmente depois de o Irão ter actualizado os seus números, com 22 mortos em pouco mais de 140 casos, revelando uma taxa de mortalidade muito superior à média global, cercade 15% contra 2,3, por exemplo, na China, onde tudo começou, os mercados petrolíferos estão a reflectir o medo entre as maiores economias planetárias.

A ajudar a este pesadelo para os países exportadores e com economias mais dependentes do crude, como é o caso de Angola, está ainda a situação no Kuwait e no Bahrain, com sucessivos casos de contágio a serem revelados, ou ainda os EUA e a Europa a fazer face a situações de alerta e emergência sob um manto de pânico crescente.

Um bom indicador dos efeitos desta pandemia no mundo é o que sucedeu na segunda maior economia planetária, a China, onde tudo começou, em Dezembro, na cidade de Wuhan, província de Hubei, que, em cerca de dois meses, passou a importar menos 20 por cento do petróleo face ao mesmo período do ano passado, sendo que com uma média de importações de 13,5 milhões de barris por dia, é o maior importador do mundo, garantindo, por isso, um impacto significativo no sector.

Com esta realidade marcada por altos e baixos em curtos espaços de tempo, não será de imediato que o Governo angolano vai optar por uma revisão do OGE, mas, como admitiu o ministro dos Petróleos, Diamantino Azevedo, se a situação se mantiver com o barril abaixo dos 55 USD, esse movimento será inevitável pela necessidade de adequar os gastos às receitas.

Face a esta realidade, a Goldman Sachs, ma das maiores casas financeiras do mundo, já reviu em baixa o aumento da procura de petróleo para 2020, passando de 1,2 milhões de barris por dia para metade, ao mesmo tempo que perspectiva uma média anual do valor do barril de Brent de 63 para 60 USD, o que, a confirmar-se, estabelece uma margem de manobra relevante para as finanças angolanas.

No entanto, sendo um dos mais voláteis sectores, o mercado petrolífero tem como particularidade um potencial significativo para responder em baixa ou em alta de força acelerada, como sucedeu na passada semana, quando pequenos sinais de retrocesso na progressão do Covid-19 na China, a par do anúncio de medidas por parte da OPEP + Rússia (OPEP+) levou a um retomar dos valores em alta.

Alias, o ministro saudita da Energia, Abdulaziz bin Salman, disse que a OPEP+, que agrega os membros do cartel e não-membros como a Rússia ou o México, entre outros 11 países produtores, vai ser capaz de responder com novos cortes e a extensão do actual programa de cortes para reequilibrar os mercados.

Recorde-se que, actualmente, e pelo menos até Junho, a OPEP+ está a tirar de circulação cerca de 1,2 milhões de barris por dia, incluindo 400 mil extra por parte da Arábia Saudita, e no encontro previsto para a próxima semana, deverão ser anunciadas novas iniciativas e cortes