Felix Tshisekedi e Paul Kagame vão discutir as relações bilaterais e o conflito armado no leste da RDC, onde rebeldes do M23 (Movimento 23 de Março), no mês passado tomaram uma cidade perto da fronteira com o Uganda, anunciou o porta-voz das autoridades de Kinshasa Patrick Muyaya à Associated Press.

As autoridades da RDC argumentam que o M23, um movimento de guerrilha criado em 2012, que desde a sua criação tem mantido, com intervalos alargados por duras negociações, a ferro e fogo, o Kivu Norte, província fronteiriça com o Ruanda, é apoiado pelo país presidido por Paul Kagame, acusando-o de ocupar parte do seu território.

Mas se a RDC acusa o Ruanda de apoiar e acolher os rebeldes do Movimento 23 de Março, este país acusa os congoleses de trespassarem sem autorização as suas fronteiras, inclusive com tiros de artilharia, alegadamente para posições ocupadas pelos rebeldes.O Chefe de Estado angolano, na sua qualidade de presidente da CIRGL, tem mantido contactos regulares com os seus homólogos da RDC e do Ruanda, para a busca de consenso e tentativa de evitar um conflito armado de maiores proporções na região.Além de Angola e RDC, a CIRGL é integrada por Burundi, República do Congo, República Centro Africana (RCA), Ruanda, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia, Uganda e Zâmbia.A organização foi criada com o objectivo de resolver questões de paz e segurança, após os conflitos políticos que marcaram a região em 1994.

O M23 foi criado por elementos da minoria ruandesa Tutsi, no interior do leste do Congo. Recorde-se que o leste da RDC foi arrastado como continuação do conflito que se prolongou após o genocídio que em 1994 ceifou a vida a 800 mil tutsis à mão da maioria étnica Huto.

Entre as principais guerrilhas a actuar no leste da RDC estão ainda a FDLR (Frente Democrática de Libertação do Ruanda) e a de origem ugandesa (Aliança das Forças Democráticas), protagonistas maiores da desestabilização permanente desta já agreste região africana.

O que pretendem estas forças é um tema em permanente discussão, mas, além da origem, que foi a protecção das respectivas comunidades num contexto de guerra étnica fratricida, existe uma abundante teia de dados que apontam para a transformação destes grupos armados em forças de protecção de interesses na exploração ilegal de recursos abundantes na região, como, além dos diamantes, o cobalto e o coltão, minerais raros e fundamentais para as novas tecnologias e que, por exemplo, o Ruanda é exportador, no caso do coltão, sem que sejam conhecidas jazidas no seu subsolo.