No documento de alerta emitido esta sexta-feira pela agência das Nações Unidas que lida com as tragédias globais em que vivem centenas de milhões de crianças é dito claramente que o Iémen, que não conta com os holofotes dos media internacionais como sucede com o conflito na Ucrânia, é hoje um dos locais de todo o mundo mais penosos para se ser criança.

O UNICEF chama ao conflito que massacra este país do Médio Oriente, vizinho da Arábia Saudita mas sem o subsolo rico em petróleo das redondezas, de "conflito sem fim" porque não há, para já, um fim claro das hostilidades entre os rebeldes Houthis, apoiados pelo Irão e o Governo iemenita, que conta com o apoio dos sauditas.

Porém, depois de a China, com o apoio na rectaguarda da Rússia, ter conseguido reatar as relações diplomáticas entre o Irão e a Arábia Saudita, com avanços inesperados como o convite de Riade para que o Presidente iraniano visita a Arábia Saudita em breve, o conflito no Iémen pode, como admitem os analistas mais próximos desta guerra, ter os dias contados, notando-se já uma acalmia nas hostilidades.

Conta o Fundo das Nações Unidas para a Infância que este conflito e subsequente fracasso económico do país, bem como o desmontar de serviços essenciais, "lançaram mais de 11 milhões de menores numa situação desesperadora à espera de assistência humanitária urgente".

A agência da ONU avança ainda que milhões de crianças iemenitas estão sob risco de fome e "mais de 540 mil sofrem de forma aguda correndo risco de morte caso não recebam tratamento urgente".

Para além destas necessidades urgentes, o representante da agência no Iémen, Peter Hawkins, lembra que há ainda milhares de crianças feridas pelos combates e alistadas à força pelos dois lados para combaterem.

Os ataques às unidades hospitalares são constantes e dificultam de forma grave o apoio aos milhares de necessitados de cuidados médicos que surgem diariamente.

Se não receber a quantia, o Unicef diz que será forçado a diminuir a assistência a crianças que precisam.