A agência defende medidas imediatas para conter a situação e a representante do Acnur na RDC, Angele Dikongue-Atangana, salientou que "num país já bastante marcado pela violência, que tem gerado instabilidade, especialmente no leste, o receio é que se não forem tomadas medidas imediatas a nova situação se descontrole.

O documento da ACNUR informa que, após negociações entre o governo da RDC e líderes locais, o exército foi destacado para Kwamouth. A meta é "restaurar a ordem diante da situação de segurança ainda tensa".

A maioria dos deslocados devido à violência são mulheres e crianças que precisam de assistência urgente nas províncias de Kwilu e Mai Ndombe. Muitos refugiaram-se na floresta depois de fugirem das fazendas e campos, deixando para trás safras abandonadas nos celeiros. Outras 2,6 mil pessoas procuraram refúgio na vizinha República do Congo depois de cruzar o rio Congo em canoas.

A ACNUR destaca que muitos dos que debandaram se separaram de membros da família durante a fuga e que a segurança é dificultada porque várias rotas importantes se tornaram intransitáveis ??para veículos humanitários que ajudam a salvar vidas.

Esta disputa é mais uma das muitas violentas situações que se vivem na RDC. As três províncias do leste/nordeste do Congo, Ituri e Kivu, Norte e Sul, vivem há décadas num clima de permanente brutalidade. Desde meados da década de 1990, sobretudo após o genocídio no Ruanda, em 1994, quando elementos da maioria Hutu massacraram mais de 800 mil pessoas da etnia Tutsi, o leste da RDC tornou-se num "campo minado" para os civis.

Esta violência, sendo muita das vezes, gratuita, assenta numa lógica estratégica que visa a exploração dos recursos naturais abundantes no leste da RDC, como o coltão, por exemplo, mas também o ouro, diamantes ou cobalto, o que torna o leste da RDC um problema de difícil solução para a organizações internacionais que procuram pacificar a região dos Grandes Lagos.

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