Os putos, entre eles, também davam jajão uns aos outros, quando pretendessem ganhar alguma coisa ou tirar proveito de algo ou de alguém. Desde tarefas domésticas que os mais vijús hipotecavam os mais boelos ou distraídos. Aqueles que mais eram vítimas de jajão para além de serem chamados de boelos, pancos ou bazezas também eram bolo e leite, porque raras vezes conseguiam travar as simulações dos kambas. Naquela altura, quem tivesse uma bola de futebol ou de basquetebol era o rei da banda, escolhia os jogadores, ditava as regras, influenciava o resultado, controlava o tempo de jogo, resumindo era dono e senhor de tudo que estivesse à volta do jogo, cuja bola era o centro da alegria. Assim, esse pequeno ditador tinha à sua disposição quase todos os outros putos que aceitassem submeter-se aos seus caprichos para poderem jogar à bola. Atenção que nem sempre ser "caxico" era garantia suficiente para ter acesso ao que se pretendia. Muitas vezes, os putos caxicavam-se bué e na hora h eram simples apanha-bolas, ficavam no bonga por causa do jajão aplicado pelo dono da bola que mandava. Quem também mandava eram os putos que desde cedo tiveram videogames, binas, livrinhos de banda desenhada ou mesmo TV em casa. Bens que nem todos os outros ndengues tinham nas suas casas, logo havia nas crianças o desejo de brincar com tais brinquedos e, para isso, algumas aceitavam submeter-se aos ditames do dono do mambo.
Com o passar do tempo, os jajões começaram a crescer, a ganhar outras formas e dimensões de acordo com os interesses e desejos de quem sentisse a necessidade de aplicá-los. As garinas também aplicam jajões falados aos pretendentes que não gostam ou em quem não têm interesse algum. Eles são convidados a fazer bué de mambos para no fim ouvirem um "não" bem guda ou um vou pensar que era eterno e apenas vencido pelo cansaço, por muitas tarefas feitas, muitos presentes dados e esperanças idosas que se reformam por saturação. No entanto, as damas também sofrem, também são vítimas de jajão. Há madies que prometem mundos e universos quando estão a dicar, mas assim que recebem o "sim" e o que querem, dão tirosa, mudam de comportamento, as garinas dão conta que afinal era tudo babete ou, como se diz hoje, bungle bangue! Infelizmente, o jajão no relacionamento é usual e, muitas vezes, surge quando a dama diz que está grávida, aí a dama se percebe de que afinal o amor não estava a pipocar, que tudo o que o avilo disse, fez, era jajão, não tem intenções de ser pai nem de amigar, quer dar tiroza.
Como se não bastasse, na escola, os professores também gostam de dar jajão, quer seja nas provas, como noutros aspectos. Alguns dizem aos estudantes que devem estudar a matéria X que sairá na prova, quando, na verdade, é tudo bilingue, jajão, sai a matéria Y. Outros ainda fazem dos estudantes seus auxiliares durante o ano lectivo com promessas de serem ajudados por altura da atribuição de notas, mas nada feito, é jajão, chumbam.
Havia ainda aqueles kambas que gostavam de mandar bocas, que conheciam todos, que diziam resolver tudo e mais alguma coisa, só faltava dizer que eram milagreiros, aliás alguns disseram, mas que depois de tanta lata na hora do aperto descobríamos que era jajão. Eram grandas bilingueiros.
Mas o bilingue não ficou por esses aspectos, evoluiu para os kotas que mandam que começaram a aplicar em várias cenas. Quando o chefe está para ir visitar uma banda ou um projecto, os responsáveis dão jajão que está tudo bem, pintam as árvores, estradas, tapam buracos, asfaltam ruas que ficam também bem iluminadas, limpas e mais seguras. Se a visita for numa escola até carteiras, salas de aulas, laboratórios e outras cenas que deviam ser normais aparecem só para a visita para dar o jajão de que está tudo bem. Será que há alguma área profissional que não sinta o bafo do jajão? Katé