Após a exoneração era um chuveirinho de telefones para inquirir os porquês e consolar o dispensado. Agora as redes sociais encarregam-se de cogitar os motivos e espalhar a notícia. A mais recente novidade é o método de exoneração gota a gota que parece ser uma forma eficaz de assustar e motivar. É uma forma de manter os membros do Executivo em alerta, de evitar a acomodação e a corrupção, de estimular a competição e a criatividade. Mas parece também ser uma forma de gerar medo, ansiedade e desconfiança entre os membros do Executivo, que nunca sabem se serão os próximos na lista negra do chefe. E cada um tem um chefe que decide, por conveniência de serviço, ou por outros factores, como funciona a dança das cadeiras. O que é certo é que há mais bailarinos do que cadeiras. E algumas cadeiras estão perras.

A estratégia de exoneração gota a gota tem um efeito psicológico interessante. Os detentores de cargos políticos que estão nomeados ficam sempre com medo de serem os próximos a serem demitidos. Isso pode causar um clima de tensão e desconfiança, prejudicando o trabalho. Em alguns casos, a estratégia pode ser eficaz para motivar as pessoas a trabalharem melhor. Todavia, esperar que isto possa levar a um aumento da produtividade e da eficiência não deve ser assumido como um dado certo.

Nesta incerteza, basta apenas um zumbido, uma mensagem codificada, para criar ondas de choque, subidas de tensão, aceleramento dos batimentos cardíacos e ataques de pânico. A novela continua nas próximas semanas.

Sem saber de verdade o que se espera no futuro alguns tentam melhorar o seu desempenho, outros procuram alianças e apoios, outros ainda se resignam à sua sorte. Mas todos vivem com o fantasma da exoneração pairando sobre as suas cabeças, como uma espada de Dâmocles. Há certamente alguém que parece estar a divertir-se com este jogo, que dá uma sensação de poder e controlo. ?