Essa estória não lembra nada? A moça casadoira são os eleitores. O jovem que era, mas agora não é, é a FPU. O amigo substituto para casar a balabina porque, afinal, ele é que era, é... a UNITA. Namora com a FPU, casa com a UNITA e de esquebra ainda entra o BD e o PRA-JA no leito nupcial. Olhem o sarrabulho! Já estão a ver as medidas que os familiares da moça tomaram. Angolano não gosta destes abusos de três em um quererem a mesma moça, um pede namoro, o outro casa e o outro faz os filhos...
Serve esta alegoria para responder às questões postas hoje: O que é a FPU? Juridicamente NADA. Não existe! Nunca se constituiu partido ou coligação, nunca juntou papéis, nunca deu entrada no Tribunal Constitucional.
Pode fazer campanha e concorrer às próximas eleições? Não, não pode. É como um homem sem registo de nascimento: não pode casar-se nem na Conservatória, nem na igreja. Essa de que agora a FPU, afinal, é a UNITA é uma fraude política e uma das tais "mentiras compulsivas" que o saudoso Rui Galhardo atribuía ao seu coordenador. Querem saber porquê? Conto-lhes a estória, já que hoje estou com essa inspiração da brisa do mar do Sumbe...
Acossado pela titubeante aceitação em importantes sectores da UNITA e perante as desconfianças dos pares perante o que percebiam como desvio à matriz filosófica da UNITA - o manifesto de Muangai - Adalberto da Costa Júnior encetou uma fuga para a frente: partiu em busca de uma base de apoio fora da UNITA, propondo uma coligação de partidos para depois dizer: "olhem, se vocês não me apoiam, eu avanço com os outros, pois tenho popularidade para isso". E aí deu zebra pela primeira vez: só conseguiu juntar o BD que a única vez que foi a eleições sozinho nem a lista dos candidatos a deputados conseguiu completar e o "projecto político" de Abel Chivukuvuku que não conseguiu fazer legalizar-se muito por conta da sua vaidade. Os outros nem lhe deram confiança. Isso mesmo disseram agora no "muro de lamentações" que organizaram na semana passada.
Ainda assim, essa é a banha de cobra que começaram a vender dentro e fora do País: que essa era "a frente patriótica unida que iria derrubar o MPLA e afastá-lo do poder". E aí "deu zebra" pela segunda vez. Boa parte da direcção e militantes da UNITA, queria saber se seria ou não uma coligação; ora, uma coligação teria de possuir símbolos e identidade novos e a UNITA não estava disposta a abrir mão do seu querido Galo Negro, hino, cores, etc. O mesmo acontecia com o BD, já aborrecido com a aliança contranatura, eles, partido da extrema-esquerda, e a UNITA, de extrema-direita. E não era só isso; aqueles na UNITA que aguentaram o partido depois da saída de Chivukuvuku para a CASA-CE, levando consigo um bom número dos seus melhores quadros, não estão dispostos a vê-lo regressar triunfantemente e, ainda por cima, ocupar o segundo lugar na lista de deputados. Quando nem aceitou escrever solicitando a sua readmissão na UNITA, juntando o estatuído pedido de desculpas. E para complicar ainda mais "o coiso", tanto o BD como o PRA-JA querem militantes seus em lugares elegíveis na lista, em detrimento dos militantes fiéis da UNITA. Um saco de gatos! Essa é a verdadeira razão pela qual a lista de candidatos a deputados ainda não saiu. Os nervos estão à flor da pele por aquelas bandas e há indicações que, quando for tornada pública, haverá choros, ranger de dentes e as deserções da praxe.
É, por causa da incapacidade de remendar essa manta de retalhos que a FPU não conseguiu regularizar a sua situação no Tribunal Constitucional - por isso não existe legalmente - e até agora não conseguiram dizer aos eleitores "o que é exactamente "essa coisa" a que deram esse nome". E não é verdade o que andam a propalar que o Tribunal Constitucional é que proibiu que se fizessem coligação; nunca meteram os papéis a fazer essa solicitação.
O que fez o TC é que, respondendo a uma pergunta dos jornalistas, o director do Gabinete dos Partidos Políticos foi lapidar: a FPU não está nem nunca esteve registada naquela instituição, nem como partido político nem como coligação. Por isso, não pode fazer campanha nem concorrer às eleições, ou seja, a "coisa" denominada FPU não vai constar no boletim do voto.
Liberty Chiyaka, farto das tergiversações do trio Adalberto da Costa Júnior, Filomeno Vieira Lopes e Abel Chivukuvuku, veio a público dizer a verdade que ele entende e, admita-se, a única possível: a FPU vai concorrer sob os símbolos da UNITA e os seus deputados constarão da lista da UNITA, ou seja, directo ao ponto e politicamente honesto como Chyiaka sabe ser, disse o óbvio: a FPU é uma espécie de UNITA alargada. E aí deu Bum!, pela terceira vez.
Militantes do BD vieram nas redes sociais lamentar que tinham sido usados, por quem e como não disseram. Luís Nascimento, militante fundador e antigo secretário-geral, já tinha manifestado o seu desacordo com esse modelo. Razão terá, porque receia que, não participando nestas eleições e não o fazendo em 2027, ou participar e tiver menos de 0,5% dos votos, corre o risco de ser extinto, como já foi a FpD, antecessora do BD.
Por outro lado, membros do PRA-JA (e em certa medida do BD) queixam-se de hostilização por parte da UNITA, acusando uns em surdina de traidores e outros de oportunistas no "chega prá lá" da luta pelos lugares elegíveis na lista de deputados. Concluindo, a UNITA é que é a FPU (que nunca existiu) e resta saber o que vai ganhar com a entrada deste autêntico saco de gatos dentro do seu galinheiro.
Com todo esse "é ou não é", "vai ou não vai", "afinal isso é o quê", os eleitores começam a ver a verdadeira face dos seus mentores, e a consistência das promessas que fazem ao País. Com esse jogo de falsa qualidade, próprio de gente sem carácter, começa a ver-se o grau de honestidade política dos ditos arautos da "alternância". Na linguagem popular, quem se apresenta sendo o que não é mente e não merece confiança. Quem não consegue apresentar-se com o próprio nome é vigarista e nada do que diz deve ser levado a sério. No exemplo em concreto, em termos políticos, quem quer fazer campanha como FPU, mas na hora do voto se apresenta como UNITA está irremediavelmente fadado ao fracasso. Em Angola ou em qualquer parte do mundo, essa estratégia de marketing político é coisa de loucos. Não tem como dar certo...