Com exemplos cómicos de suas demandas - como feriados para celebrar cada episódio de sua série favorita, o regresso às pontes que esticavam, como no antigamente, os feriados de Domingo até Segunda, ou pausas obrigatórias para apreciar o pôr do sol - eles mostravam que até uma greve geral pode ter um sabor mais adocicado. Nada de pedidos de redução das taxas dos impostos nem pedidos de ajustes no salário mínimo. Isso são coisas antiquadas do mundo moderno, dos países desenvolvidos. Nós, os tais em vias de desenvolvimento têm propostas mais interessantes.
Imaginem só, um mar de cartazes tão coloridos que mais parecem um desfile de Carnaval fora de época.

Os slogans? Ah, esses são tão criativos que até o mais sisudo dos chefes dos departamentos ministeriais teria de segurar o riso. "Sem aumento, não há alimento", em resposta ao anúncio de que é possível alimentar uma família de oito pessoas com quinhentos Kwanzas. "Trabalho sim, escravidão não" como reclamação dos Angolanos oriundos do sul que dormiam em estrados de cama numa fábrica de colchões. E o clássico "Se o salário é de fome, a greve é geral e come" numa alusão às atitudes indiferentes que os Angolanos têm em relação aos alimentos, incluindo o funje e seus acompanhantes.

E que tal re-imaginar a própria palavra "greve"? Greve, do latim "gravis", algo pesado, mas aqui transformado em leveza. Ver a greve como um acto poético de parar o mundo por um instante e dançar no ritmo dos direitos conquistados, mesmo que sejam poucos. É a arte de dizer "não" com um sorriso nos lábios e esperança no coração. Uma greve miraculina, transformando o sabor amargo da greve geral em algo doce. Sonhos, pois uma cessação colectiva do trabalho nunca é doce e o efeito da miraculina não é duradouro.