A jornalista Luzia Moniz assina, desde Março de 2020, uma coluna quinzenal no NJ com o nome Tunda Um Njila (Sai do Caminho, em língua nacional Kimbundu), em que, de forma livre, aberta e assertiva, vai deixando a sua opinião, a sua visão sobre os mais variados assuntos. É uma jornalista experiente, tem visão crítica e analítica, sabe e gosta de usar da sua liberdade de expressão. Sabe ser livre, preza a sua liberdade e a dos outros.

Em Portugal, foi fundadora e presidente da Plataforma para o Desenvolvimento da Mulher Africana (PADEMA), tem desenvolvido importantes acções cívicas, culturais e educativas em prol do bem-estar das diferentes comunidades, tem feito um trabalho marcante ao longo de quase três décadas desta sua vivência lusitana. Tem feito pleno e profícuo exercício de cidadania nas mais diversas vertentes e dimensões. Conquistou, por mérito próprio, o respeito junto de diferentes instituições, em Portugal, e na comunidade diplomática em Lisboa. Tem qualidades, capacidades e valências que deviam ser aproveitadas em prol do bem-comum, mas também tem os seus defeitos que devem ser compreendidos e assumidos.

A embaixada de Angola em Portugal procurou condicionar e cancelar a presença de Luzia Moniz, numa actividade em que ela mantém uma presença activa, respeitável e responsável, é de todo condenável e reprovável. Angola procurou colocar os embaixadores do "Grupo Africanos" entre a "espada e a parede", obrigando-lhes a escolher entre o Estado angolano e uma cidadã da nossa diáspora em Portugal. Os próprios homólogos africanos da embaixadora Maria de Jesus Ferreira ficaram perplexos e indignados com esta acção "inédita" da diplomacia angolana sob uma tal "orientação da Capital".

Angola, que quer assumir a presidência da União Africana em 2025, recusa-se a participar da cerimónia oficial de celebração do Dia de África, em Portugal, por estar presente alguém que desde 2017 tem honras de ser mestre-de-cerimónia do evento! Por estar alguém que no NJ exerce a sua liberdade de expressão e de opinião. Como é possível que o nosso Campeão da Paz não se sinta em paz com quem tenha uma visão crítica do exercício da sua actividade de servidor público? Como é que de Luanda partem orientações para Lisboa para "queimar" uma cidadã angolana junto de embaixadores africanos? Junto de pessoas com quem Luzia Moniz lida há anos e mantém uma relação de respeito mutuo? São atitudes como estas que reforçam a narrativa dos cidadãos de que as nossas representações diplomáticas no estrangeiro não representam os interesses dos nossos compatriotas na Diáspora, mas os interesse do partido que Governa Angola.

São extensões dos CAP (Comités de Acção do Partido) no exterior, são estruturas que servem apenas para controlar e acompanhar aqueles cidadãos mal-comportados, aqueles que não estão alinhados e formatados. " Não posso deixar de mencionar aqui a nossa solidariedade para com outros povos, mas sem nos esquecermos da diáspora angolana que merece uma atenção maior e cuja importância para o desenvolvimento do nosso País tem de ser levada em consideração", disse o Presidente João Lourenço durante a sua cerimónia de tomada de posse, a 26 de Setembro de 2017. E sete anos depois temos uma estranha e preocupante "orientação da Capital". Terá sido mero exercício de cosmética? De estar a falar, mas, na prática, não estar a fazer?

O NJ, o seu director, os seus jornalistas e os seus colunistas não fazem "activismo" contra o PR João Lourenço. Maria de Jesus Ferreira e os homens da "orientação da Capital" que fiquem tranquilos, aprendam a lidar com o escrutínio do jornalismo e o exercício da liberdade de imprensa. É preciso saber SER ( diplomata) e saber ESTAR (na diplomacia).