Citado pela imprensa congolesa, em Kinshasa, depois de um encontro com o Presidente da RDC, Joseph Kabila, o ministro angolano das Relações Exteriores criticou de forma severa a decisão da União Europeia em juntar mais nove nomes à lista dos congoleses sujeitos a sanções de Bruxelas.

Georges Chikoti foi mais longe e disse que também a União Africana e a Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL) estão "chocados" com as sanções impostas pela União Europeia.

"Não podemos resolver os problemas congoleses através do recurso a sanções precoces. A União Africana vai reunir para analisar esta questão e assumir uma posição que será no sentido de apoiar a RDC e opor-se de forma clara a estas sanções", prometeu Chikoti.

Estas declarações do MIREX foram feitas após um encontro, na passada sexta-feira, com o Presidente da RDC, que, pouco depois, seguiu para Kananga, capital do Kasai, província onde há cerca de um ano está a evoluir uma grave crise de contornos étnicos, após a sublevação armada das milícias afectas ao antigo chefe tribal Kamwina Nsapu.

Joseph Kabila está por estes dias no Kasai com o objectivo de se reunir com delegações das Nações Unidas, da SADC, da União Africana e da CIRGL, para analisarem a situação no Kasai, tanto do ponto de vista militar como sanitário e dos Direitos Humanos.

Como o Novo Jornal online tem vindo a noticiar, o Kasai é actualmente palco de uma grave crise étnico-militar, e as Forças Armadas da RDC têm em curso na região uma vasta operação para aniquilar as milícias.

Recorde-se que, ao fim de um ano de confrontos, com a existência confirmada de mais de 400 mortos e mais de um milhão de deslocados, destes, cerca de 30 mil, encontraram refúgio em Angola, na Lunda Norte, não existem ainda indícios de que a violência possa terminar, como o provam os milhares de congoleses que estão a chegar diariamente, com marcas de violência no corpo, incluindo cortes com catanas e queimaduras profundas, aos dois centros de acolhimento criados pelo Governo angolano com apoio da UNICEF e do Alto Comissariado para os Refugiados (ACNUR) na Lunda Norte-

Há ainda o surgimento recente do alegado envolvimento de políticos em Kinshasa na génese deste conflito no Kasai, e, ainda ontem, o Novo Jornal online noticiou as declarações de Sindika Dokolo, empresário natural da RDC e marido de Isabel dos Santos, onde este aponta para a possibilidade de o Presidente Kabila estar interessado nesta instabilidade para se prolongar no poder ao tornar impossível realizar as eleições ainda este ano, mesmo depois de o prazo constitucional para o seu segundo e último mandato ter expirado em Dezembro do ano passado.