UNITA: Governo de inclusão e participação para mudança tranquila

Para Isaías Samakuva, presidente e cabeça de lista da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), "o sofrimento dos angolanos está a chegar ao fim".

O "Galo Negro", se vencer as eleições gerais de 23 de Agosto, promete um Governo Inclusivo e Participativo (GIP), com uma agenda pensada a 10 anos, que defende como solução para a "profunda crise" que o País vive, mas amparada por um plano de emergência nacional, para "garantir a estabilidade social e a recuperação económica.

A agenda para a década, centrada em políticas e programas estruturantes, aponta para "o alcance de objetivos estruturantes visando a construção da nação angolana, como o resgate da cidadania, reforma profunda do Estado e da economia e a afirmação da nova identidade de Angola no mundo".

A UNITA promete ainda a criação de mais e mais bem remunerados postos de trabalho, assentes numa maior aposta na produção nacional.

Presidente da UNITA desde 2003, Isaías Samakuva, o antigo professor na Missão Evangélica e pastor evangélico, entrou formalmente na UNITA em 1974.

Foi chefe de gabinete do então líder da UNITA, Jonas Savimbi, seguindo depois para a região do Kuando Kubango, onde passou a coordenar a logística da UNITA na denominada Frente Sul.

Na sequência da morte de Jonas Savimbi, em combate, a 22 de Fevereiro de 2002, foi ele quem discutiu o cessar-fogo no âmbito do Protocolo de Lusaca.

A UNITA foi fundada em 1966, por Jonas Savimbi e Antonio da Costa Fernandes. Na eleição parlamentar de 2012, alcançou 32 dos 220 assentos na Assembleia Nacional de Angola.

A UNITA ocupa o primeiro lugar no boletim de voto para as eleições gerais de 23 de Agosto.

APN: O mais jovem dos partidos apontou baterias à juventude

Pela primeira vez na corrida eleitoral, a Aliança Patriótica Nacional (APN) dirigiu-se sobretudo ao eleitorado mais jovem, às mulheres e aos antigos combatentes, prometendo criar um milhão de empregos e facilitar o acesso à habitação, disponibilizando casas pelo valor mensal de 10.000 Kwanzas, em caso de vitória.

Liderada por Quintino Moreira, a APN quer ainda acabar com a "ditadura parlamentar", defendendo a importância de diversificar a disposição da Assembleia Nacional.

Para o cabeça-de-lista do partido, é também pertinente "combater a burocracia" e transformar Angola num país de "elevados indicadores de saúde" e bem-estar para os seus cidadãos, bem como desenvolver todas as províncias em pé de igualdade.

Transformar a província do Namibe num Dubai africano e criar duas capitais para o país, sendo uma económica e outra político-administrativa, são outras das promessas de Quintino Moreira, o mais jovem entre os seis candidatos à presidência de Angola.

Aos 43 anos, o professor de profissão é licenciado em Direito e já foi deputado entre 2008 e 2012, pela Nova Democracia, uma coligação de partidos, extinta pelo Tribunal Constitucional nas eleições anteriores, por não ter atingido 0,5% dos votos.

Caso não seja eleito Presidente, o autoproclamado candidato da juventude pede para que os eleitores equilibrem o Parlamento, no próximo dia 23, para pôr fim à "ditadura parlamentar do MPLA".

Fundada em 2013 e legalizada dois anos depois, a Aliança Patriótica Nacional ocupa o segundo lugar no boletim de voto para as eleições gerais de 23 de Agosto.

PRS: Revisão da Constituição e Federalismo

O Partido de Renovação Social (PRS) promete fundamentalmente uma revisão da Constituição no sentido de introduzir o federalismo (sistema político em que os Estados conservam a sua autonomia) em Angola, que permita a desconcentração e descentralização do sistema político do país e alicerçado na participação directa dos cidadãos na actividade de governação.

Essa reforma passa pela reorganização do poder legislativo, com a "câmara dos deputados ou câmara baixa", a eleger proporcionalmente pela população de cada estado e a "câmara de representantes ou câmara alta", com a igualdade de representação dos estados.

Benedito Daniel, de 56 anos, é o cabeça de lista do partido e considera que o seu programa é "o único" que traz uma "descentralização e desconcentração efectiva".

O candidato é licenciado em Ciências da Educação e deputado desde 2012.

O PRS garante aos eleitores "uma autonomia legislativa, política e financeira" e quer instituir subsídios de desemprego e de apoio às famílias com mais de cinco filhos.

Fundado em 1990, o partido que, em 2008, conquistou oito assentos da Assembleia Nacional, viu a sua bancada reduzir-se a três deputados em 2012.

O PRS ocupa o terceiro lugar no boletim de voto para as eleições gerais de 23 de Agosto.

MPLA: Partido do Governo promete "melhorar o que está bem" e "corrigir o que está mal"

João Lourenço, general na reserva, actual ministro da Defesa e vice-presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) é, aos 60 anos, o candidato a ocupar o Palácio da Cidade Alta, encabeçando a lista do maior partido angolano às eleições de Agosto de 2017, substituindo José Eduardo dos Santos na cadeira da Presidência da República, se o MPLA vencer as eleições do próximo dia 23.

O MPLA promete aumentar em 150% a capacidade actual de geração de energia, concluir os projectos estruturantes de captação e distribuição de água, como as barragens de Lauca e Caculo Cabaça, construir mais de 1 100 quilómetros de estradas e reabilitar mais de 7 083 Km.

O partido no poder há 38 anos anuncia também que vai implementar a rede logística nacional e melhorar os sectores de distribuição, concluindo a construção de centros e entrepostos logísticos, numa parceria estratégica com o sector privado da economia, bem como assegurar a estabilidades da oferta de serviços de telecomunicações através do sistema de satélite nacional (Angosat), o que inclui a operacionalização do Ango Sat 1 e o lançamento comercial dos seus serviços.

Reduzir a taxa de incidência da pobreza para 25% é outro dos compromissos do MPLA, que prevê criar 500 mil novos empregos e diminuir em um quinto a taxa actual de desemprego.

A intensificação da produção agrícola, pecuária e florestal, melhorando a produção e a produtividade de leguminosas e criando excedentes para a reserva alimentar nacional, é mais uma das promessas feitas por João Lourenço, que garante ainda aumentar a população estudantil de 200 mil para 300 mil estudantes e enviar anualmente no mínimo 300 licenciados com elevado nível de capacidade analítica e aproveitamento para as melhoras universidades do mundo para frequência de cursos de mestrado e doutoramento. No domínio do desenvolvimento e modernização da indústria extractiva, prevê aumentar a produção de diamantes de 9 milhões de quilates para 13,8 milhões de quilates ano, aumentar a produção de rochas ornamentais de 59,8 mil metros cúbicos para 104,6 mil metros cúbicos.

O cabeça-de-lista do MPLA às eleições promete ainda implementar, durante a próxima legislatura, e em caso de vitória eleitoral, as autarquias locais, reivindicação dos partidos da oposição há já vários anos.

O partido conquistou o poder em 1974/75, durante o processo de descolonização, e saiu vencedor da Guerra Civil de 1975-2002, contra dois movimentos/partidos rivais, a UNITA e a FNLA. Na eleição parlamentar de 2012 conquistou 175 dos 220 lugares na Assembleia Nacional.

O MPLA ocupa o quarto lugar no boletim de voto para as eleições gerais de 23 de Agosto.

FNLA: Alta autoridade de combate à corrupção e laicidade do Estado

A Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) defende a elaboração de uma nova Constituição, a criação de um parlamento bicameral (Assembleia Nacional e Senado), em que o primeiro-ministro é o chefe do Governo, uma eleição separada do Presidente da República, a criação de um Conselho de Estado, constituída por entidades que exerceram altas funções no Governo ou que tenham prestado serviços relevantes à nação, bem como pelas autoridades tradicionais.

Lucas Nonga, o mais velho entre os candidatos às eleições gerais de 23 de Agosto e combatente pela independência, é professor e sociólogo.

A FNLA defende a reforma do Estado, a criação de uma alta autoridade de combate à corrupção, a manutenção da configuração Republicana e da Laicidade do Estado, bem como a consolidação do Estado Democrático e de Direito, bem como reformas Sociais.

A definição de uma Política Cultural para Angola enquanto País africano, a consolidação do Processo de Reconciliação Nacional, as Reformas Económicas do País e a Revisão da Política Externa de Angola são os restantes pilares do programa de governação da FNLA.

Segundo o candidato, a FNLA propõe-se prestar uma atenção especial à pobreza, saúde, educação e emprego, para desenvolver a estabilidade social em Angola.

Fundado em 1954, foi um dos movimentos nacionalistas angolanos durante a guerra anticolonial, entre 1961 e 1974, juntamente com o MPLA e a UNITA. O partido tem apenas dois representantes na Assembleia Nacional.

A FNLA ocupa o quinto lugar no boletim de voto para as eleições gerais de 23 de Agosto.

CASA-CE - A chave para a "geringonça angolana" no próximo Governo

A Convergência Ampla de Salvação em Angola (CASA-CE) promete a reforma da Constituição, a autossuficiência alimentar e a integração das crianças que estão fora do sistema de ensino público em cinco anos, além de "implementar estratégias dinâmicas para a redução das assimetrias regionais" e da "garantia universal de bolsas de estudo, emprego e habitação".

A coligação liderada por Abel Chivukuvuku promete desenvolver políticas e práticas macroeconómicas estabilizadoras, atractivas ao investimento e fomentadoras do empresariado nacional, no sentido de cativar investimento externo.

Uma reforma constitucional, através de um "processo inclusivo", constam igualmente do programa da CASA-CE, "quanto ao modelo de Estado, quanto ao sistema de Governo, quanto ao modelo de eleição directa do Presidente da República e quanto a uma solução pacífica do diferendo sobre Cabinda".

Abel Chivukuvuku, que concorre à eleição, indirecta, para Presidente da República, tem 60 anos e ocupou, durante mais de 30, posições de destaque na UNITA, saindo em 2012 para fundar a CASA-CE. Acredita que esta força política será, pelo menos, parte do novo Governo, e tem defendido, nos últimos dias da campanha, uma "coligação à angolana" com UNITA ou MPLA.

Na primeira vez que se apresentou a sufrágio, no ano de 2012, a coligação elegeu oito representantes para a Assembleia Nacional de Angola, ao conseguir obter 6% dos votos.

A CASA-CE ocupa o sexto e último lugar no boletim de voto para as eleições gerais de 23 de Agosto.