Mas ainda ontem fui para Viana, a partir da Via Expressa Fidel Castro, e a via Zango-Viana, sem dúvida uma das vias estruturantes da cidade, com um enorme fluxo de trânsito, mantém-se (pois está assim há anos...) num estado lamentável. Com as chuvas que se aproximam, tornar-se-á, praticamente, intransitável. Não esquecer que, para além de ser uma importante via de interconexão de dois pólos da cidade, aquela é uma zona industrial e comercial com várias unidades activas, com uma enorme concentração de investimento na economia da cidade.
Quem tiver o azar de ter que percorrer a alameda Estádio Nacional 11 de Novembro-SAPU, passando em frente da entrada principal da Universidade Agostinho Neto, vai deparar-se com um espectáculo apocalíptico, em que uma das vias da alameda, simplesmente, desapareceu. Poderíamos alvitrar se seria um prolongamento de um parque de diversões para automóveis 4x4, continuação de um que há nas imediações (e que não pode ter sucesso com vias de acesso como aquela), mas vemos que não. É mesmo só incúria.
A própria Via Expressa, já no troço Viana-Cacuaco, apresenta-se num estado lamentável em algumas zonas... com o asfalto a demitir-se das suas funções, enquanto noutras gastam-se milhões em muros que, quando fôr necessário aproveitar o espaço entre faixas para alargamento das vias, terão que ser derrubados.
E só estou a falar em Luanda, em artérias que percorri recentemente, ditas primárias. O que dizer das vias secundárias e terciárias, particularmente as que deveriam garantir a transitabilidade nos bairros... e que se tornarão verdadeiros pesadelos quando a chuva cair?
Saindo da cidade, para o Leste do país, continuamos a assistir ao espectáculo da falta de capacidade para manter a nossa rede de estradas num estado minimamente aceitável em toda a sua integralidade. Troços que há algum tempo atrás se apresentavam em condições (como Capanda-Cacuso, ou Xá Muteba-Cuango) são agora um atentado à segurança rodoviária, e à economia do país (este belo país que queremos que diversifique a sua economia e se abra ao turismo), outros estão acabadinhos de fazer, e há ainda os que já estão a ser reconstruídos de raiz, como o de Catete-Maria Teresa.
As estradas são (talvez) dos melhores exemplos para que se possa aferir a capacidade de um país gerir as suas infra-estruturas. A sua vital importância é sobejamente conhecida para todos os sectores. O estado como as nossas se apresentam, onde é visível quão débil é a sua gestão, não só provocando incomensuráveis prejuízos económicos, como a perda de vidas humanas em acidentes provocados pelo seu mau estado, transmite uma imagem desoladora da nossa administração, e mostra quão errado tem sido o paradigma por que nos temos guiado, preterindo sistematicamente a manutenção, preferindo, a custos altíssimos, fazer e refazer de novo. Re-inaugurar significa que não conseguimos manter: é só uma prova de má gestão (por incompetência, ou deliberada?).

Por isso não fiquei feliz com o anúncio do investimento na nova marginal da Corimba. Uma questão de prioridades...