Os munícipes do Soyo, que registaram esta segunda-feira a visita do Presidente da República, que foi àquela circunscrição para, entre outras coisas, reinaugurar a Base Naval e testemunhar os eventos programados para a celebração dos 47 anos de existência da Marinha de Guerra Angolana (MGA), queixam-se dos preços da luz eléctrica praticados pela Empresa Nacional de Distribuição de Energia (ENDE), que consideram "excessivamente onerosos" face às dificuldades impostas pelas crise económica e cambial que "assola" o País.
Ao Novo Jornal, os populares dizem esperar que o governador Adriano Mendes de Carvalho tenha, apesar de os objectivos da visita do Presidente serem ligados ao sector castrense, passado "algumas preocupações" do município e da província em geral.
Na dúvida, mantêm a esperança de que, através do nosso jornal, as suas inquietações possam chegar ao Chefe de Estado
"Sei que o Presidente João Lourenço veio ao Soyo com um propósito específico, mas, por não ser uma pessoa facilmente contactável, face às tarefas que desempenha, era bom que aproveitássemos a oportunidade para transmitir-lhe as preocupações locais", sublinha Rafael Pedro, engenheiro mecânico, de 38 anos de idade.
Sob anonimato por medo de represálias, um funcionário público, munícipe do Soyo, refere que, em termos de energia, o "sistema usado para o Soyo não é o ideal", porque, no seu entender, os populares pagam "mais do aquilo que consomem", dado que os preços têm sido cobrados por estimativa e variam entre 7 e 11 mil kwanzas/mês.
Bartolomeu Finda, igualmente munícipe daquela circunscrição, lamenta face ao modelo de pagamento, apontando o sistema de contador e/ou pré-pago como solução do problema.
"Não podemos continuar com este modelo de pagamento por estimativa. Actualmente, não sabemos o nosso consumo, quando vamos aos balcões da ENDE só encontramos que o consumo é isso ou aquilo, este cálculo não está bem explícito, e queremos que isso seja mesmo clarificado, por não existirem contadores instalados nas residências", refere o munícipe, que também diz ser electricista.
ENDE diz que modelo de pagamento é o previsto por lei
Ao NJ, o director de Comunicação e Marketing e Relações Institucionais da ENDE, Lauro Fortunato, sublinha ser preceito da entidade estender a rede de contadores para o consumo de energia, mas destaca que o modelo praticado para cobrança do consumo é o previsto por lei.
"Existe um tarifário aprovado por lei, e isso tem a ver com a tipologia da residência, e de forma mais clara digamos: um cidadão que tem uma residência de um compartimento de um quarto e sala, certamente não tem o mesmo consumo que o cidadão que tem três ou quatro quartos", explica Lauro Fortunato.
No modelo actual, como conta o responsável, existem tarifas de baixa renda, como a tarifa doméstica social 1, que custa até 2.46 kwanzas por quilowatt-hora, tarifário doméstico social 2, no valor de 6.41 kwanzas. Além disso, existem também o tarifário do modelo de baixa tensão doméstica monofásica, que custa 10.89 kwanzas por quilowatt-hora, bem como o modelo doméstico trifásica, avaliado em 14.74 quilowatt-hora.
Entre outras coisas, Lauro Fortunato destaca que, sempre que um cliente solicita um contrato, a ENDE faz "uma visita técnica à residência, e realiza um levantamento do que é que existe na residência" em termos de electrodomésticos, e só depois fazem o enquadramento num dos tarifários.