Quase um ano depois de ter chegado à Cidade Alta, João Lourenço prepara-se para reforçar a sua liderança, com a elevação a presidente do MPLA.

O momento, reservado para o próximo sábado, 8, é aguardado com particular expectativa, visto que os primeiros meses de governação de João Lourenço foram marcados por múltiplos atritos entre os "Camaradas", surgindo mesmo rumores de uma ruptura do partido em duas alas: a dos "Eduardistas" e a dos "Lourencistas".

Apesar de o próprio João Lourenço ter desmentido essa cisão, reafirmando a unidade dos "Camarada", não falta quem considera que só depois da saída de José Eduardo dos Santos da liderança o novo Presidente da República poderá assumir plenamente o poder, e implementar mudanças mais efectivas.

"Queremos uma Angola nova, reconciliada, de tolerância, do progresso e do desenvolvimento", exorta o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, para quem um dos desafios que o país tem pela frente é introduzir "processos eleitorais transparentes, justos e abrangentes".

"Desde 1992 até hoje, Angola tem vivido processos eleitorais fraudulentos, em que se roubam sempre os votos. É preciso mudar esta postura e ter processos eleitorais conforme o que a lei institui, para que, de facto, a alternância se verifique", assinala o responsável, em declarações à agência Lusa.

O porta-voz da UNITA reconhece à nova liderança do país "indicadores positivos", dando como exemplo o facto de em 11 meses João Lourenço já se ter reunido com o presidente dos "Maninhos", quando em quase 40 anos no poder, José Eduardo dos Santos apenas o fez em duas ocasiões.

Alcides Sakala assinala igualmente como positivo o início dos preparativos da exumação e inumação do corpo de Jonas Savimbi.

Menos optimista, o vice-presidente da CASA-CE, Lindo Bernardo Tito, lembra que João Lourenço "esteve na mesma máquina" do poder que tem conduzido os destinos de Angola.

"João Lourenço ocupou funções de destaque neste país e esteve no centro das grandes decisões que foram tomadas neste país pelo Bureau Político do MPLA. Logo, conhece a situação e participou na situação em que vivemos", salienta.

Lindo Bernardo Tito reforça que o sucessor de José Eduardo dos Santos " tem uma quota parte também" no estado em que o país se encontra.