"É de cabeça erguida que estou neste conclave, com a convicção de ter cumprido o meu papel, e pronto para passar o testemunho da liderança do partido ao seu próximo presidente", disse José Eduardo dos Santos, no discurso que marcou a abertura dos trabalhos do VI Congresso Extraordinário do MPLA.

Fortemente aplaudido pelos militantes, o ainda líder dos "Camaradas" iniciou a declaração, de cerca de 15 minutos e sem qualquer referência nominal ao seu sucessor, com "Vivas ao MPLA", assinalando que esta seria a sua última intervenção na qualidade de presidente do partido, função que desempenha desde 21 de Setembro de 1979.

Com a voz embargada pela emoção, José Eduardo dos Santos salientou que a sua elevação a líder do "Éme" aconteceu por circunstâncias alheias à sua vontade, sublinhando: "Nunca ambicionei tal cargo, nem tão-pouco pensei que pudesse permanecer no mesmo tantos anos".

O ainda número 1 do partido no poder acrescentou que as circunstâncias histórico-políticas acabaram por prolongar a sua permanência na liderança.

Apesar de assinalar que procurou dar o melhor de si, o apregoado "Arquitecto da Paz" salientou que "não existe qualquer actividade humana isenta de erros".

"Assumo que também os cometi", reconheceu José Eduardo dos Santos, sublinhando que "o erro é parte integrante do processo de aperfeiçoamento".

"Por isso se diz que aprendemos com os erros", reforçou, sem esquecer a trajectória percorrida.

"Para trás ficam anos de luta, de resiliência, de firmeza, de camaradagem e de solidariedade, para que o MPLA se afirmasse como um grande partido vencedor, servindo os interesses superiores do povo angolano".