A dracunculose é uma doença parasitária causada pelo vírus dracunculos medinensis, verme longo de cor branca como um fio e que chega a medir 60 a 100 centímetros. E segundo a OMS a doença até agora não tem tratamento e a prevenção constitui a medida mais segura e eficaz para evitar a sua transmissão.
Segundo a coordenadora nacional do programa de combate às doenças tropicais negligenciadas, Cecília de Almeida, o ministério da Saúde começou a combater a doença em 2020.
A responsável esclareceu que a causa da doença é o consumo de água imprópria pela população do Cunene que enfrenta escassez no acesso à água potável.
Por isso, Cecília de Almeida apelou o Governo Província a continuar a evitar esforços para que a população tenham acesso ao líquido precioso e que possam residir em ambiente com saneamento básico.
Em resposta às preocupações levantadas pela médica de saúde pública, o vice-governador, Gilberto Matias, disse que o Executivo tudo tem feito para garantir água potável às populações do Cunene.
O responsável explicou que a província tem características próprias, mas, garantiu solução local para o problema.
"É difícil, mas não há nada impossível. Estamos aqui para resolver e dar solução", avançou Gilberto Matias.
O representante da Organização Mundial da Saúde, Hmphrey Karamagi, garantiu apoiar a província na luta contra a dracunculose e as outras doenças, bem como nas campanhas de vacinação.
Em 2020, a dracunculose foi declarada endémica em Angola após a confirmação de casos e/ou infecções autóctones durante três anos consecutivos.
No período 2018-2022, três casos humanos de dracunculose e oito casos de infecção canina foram detectados em Angola, todos na província do Cunene.
Contexto global.
O tratamento para esta doença, que está quase erradicada em todo o mundo e só se mantém activa em locais com pobre resposta na área da saúde e saneamento, é extrair o verme que a provoca na lesão cutânea que o alberga, de forma cuidada e lenta, indicam as autoridades sanitárias que lidam com esta infecção que provoca ainda artrite debilitante.
Há cerca de quatro décadas, nos anos de 1980, a doença atingia cerca de 3,5 milhões de pessoas, quase em exclusivo nos países mais pobres de África, mas os esforços colocados na interrupção da transmissão, que são basicamente melhorar a higiene e o saneamento e acesso a água potável permanentemente, levaram à sua quase erradicação.
Até 2018, graças aos esforços internacionais para interromper a transmissão, apenas 28 casos foram notificados, notam ainda as autoridades internacionais que lidam com a Dracunculose e em 2021 apenas 14 casos em humanos era conhecidos em todo o mundo, mas o risco de transmissão permanece um problema em países como Mali, Sudão, Sudão do Sul, Chade ou Angola.
A infecção acontece através da ingestão de água contaminada e as larvas do verme são libertadas alojando-se nas paredes dos intestinos e chegam à idade adulta em cerca de 12 a 14 meses e só conseguem manter-se activos ao atingir a pele humana, onde geram feridas e ulcerações mas ficam expostos à possibilidade de serem removidos por técnicos de saúde.