O procurador-geral, Hélder Pitta Groz, em entrevista à Televisão Pública de Angola (TPA), assumiu tratar-se de um assunto "bastante preocupante".
Estas declarações surgem depois de a directora do Instituto Nacional de Luta Contra a Sida, Maria Lúcia Furtado, ter dito, numa entrevista ao Jornal de Angola, que a Inspecção Geral da Saúde vetou o uso do reagente "Aria" na testagem do VIH, após a constatação de testes com resultados duvidosos.
Maria Lúcia Furtado explicou que o produto em causa não faz parte do algoritmo autorizado e a sua ineficácia foi constatada após testes com resultados falsos ou duvidosos.
"Os testes davam falso positivo, ou seja indeterminado. Dos dois testes que eram feitos um dava positivo e outro negativo", frisou.
Já o PGR assegurou que no âmbito de um inquérito a promover, deve ser solicitado ao Ministério da Saúde que dê as informações necessárias sobre a aquisição desse produto, como foi adquirido, onde e em que circunstâncias, para serem aferidos os danos causados às pessoas".
O Procurador-Geral da República acrescentou que vai igualmente ser apurado o que aconteceu às pessoas que receberam esses resultados.
"Compete-nos reagir de imediato, porque estão em jogo vidas humanas, que é um direito fundamental que temos de preservar", afirmou Hélder Pitta Groz.
A directora do Instituto Nacional de Luta Contra a Sida, Maria Lúcia Furtado, explicou que, em causa, estava um tipo de reagente de VIH que não fazia parte da rede pública, chamado "Ária", que fazia com que os testes realizados dessem falso positivo.
A responsável esclareceu que os únicos testes aprovados para fazer o diagnóstico do HIV na rede pública são o "Determine" e o "Unigold".
Entretanto, a directora do Instituto Nacional de Luta Contra a Sida, garantiu que este erro foi corrigido, que a empresa envolvida estava a entregar outro material, e que os testes feitos serão repetidos com o produto que faz parte do algoritmo do Ministério.
Na mesma entrevista ao Jornal de Angola, a directora do Instituto Nacional de Luta Contra a Sida afirmou que os números oficiais de angolanos infectados com VIH ascende aos 310 mil, e desses, 190 mil são mulheres.
Sobre os casos de infecção com VIH, Maria Lúcia Furtado sublinhou que cerca de 70 por cento das pessoas só se dirigem às unidades hospitalares quando já posseum sinais e sintomas muito evidentes da doença
A especialista em Saúde Pública relembrou que muitos homens se negam a fazer o teste de VIH, usando como justificação o facto de as esposas já o terem feito, quando ficaram grávidas.
A directora do Instituto Nacional de Luta Contra a Sida falou ainda da inexistência de um sistema de notificação de casos, "o que leva a que um mesmo indivíduo faça o teste em várias unidades hospitalares e, no caso de dar positivo, não se consegue especificar a quem pertence o resultado".