Não admira, por isso, que, por efeito desta coincidência, algumas iniciativas as evocassem em simultâneo.
Foi assim a que ocorreu em Oeiras, que beneficiou da gentil cedência de belas instalações, incluindo um anfiteatro, no Parque Central do Tagus Park, por parte do Presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais.
A iniciativa partiu do Grupo de Embaixadores africanos acreditados em Portugal, sob o impulso da Embaixadora de Angola, Maria de Jesus Ferreira, tão reconhecida por todos os presentes pelas cerimónias ocorridas.
Tendo a abrir os trabalhos o Vice-Presidente da edilidade, Francisco Gonçalves, saudado a iniciativa e os seus organizadores.
O momento alto dessas cerimónias, muito participadas, foi uma Conferência aberta pelo decano do Grupo de Embaixadores Africanos, Mba Ada, da Guiné-Equatorial, a que se seguiu a intervenção gravada do Presidente João Lourenço, que actualmente representa o Estado de Angola que preside à UA (União Africana), precursora da OUA.
A alocução do Presidente João Lourenço consistiu num importante contributo de avaliação da situação mundial e nele do continente africano e das suas perspectivas de futuro.
Seguiu-se o painel da Conferência propriamente dita, moderada pelo Embaixador da Guiné-Bissau em Portugal, Artur Silva, a cargo de Ângela Coutinho, doutorada em História da África Negra Contemporânea, que produziu uma palestra com o título "2025 Ano das Reparações: Justiça para Africanos e Afrodescendentes por Meio de Reparações".
Terminada a intervenção, houve um debate muito participado, seguindo-se uma intervenção musical de artistas africanos.
No prelúdio da sessão da Conferência, houve uma mostra de artesanato e de obras plásticas de vários artistas, e, no final, não faltou um jantar volante com gastronomia africana, muito apreciada.
Estão de parabéns os Embaixadores do Grupo de Países Africanos acreditados em Portugal, não se podendo deixar de fazer uma referência especial à Embaixadora de Angola Maria de Jesus Ferreira, enquanto representante do país que preside à UA, e que, como referi, tão reconhecida foi.
Como é sabido, no Dia de África, data em que foi criada a OUA, o mundo era então bipolar, com uma influência hegemónica das duas superpotências de então, a ex-URSS e os EUA.
A Europa vivia então, por efeito dessa bipolaridade, uma "guerra fria", mas que em África era quente, muitas vezes desenvolvida por interpostos agentes destas duas superpotências.
Esse mundo já não existe mais, vivendo-se agora num mundo multipolar, ainda incerto.
Há que ter presente que, em 2050, um quarto da população mundial será africana e muito jovem, dado o seu crescimento exponencial.
Há que, portanto, ter presente que este mero facto suscita desafios muito complexos, tanto mais que o crescimento económico deve ser superior ao crescimento demográfico, para poder responder a um justo e equilibrado desenvolvimento humano.
Estão, portanto, em cima da mesa respostas que envolvem a auto-suficiência alimentar, o combate à pobreza e à insegurança e a criação de infra-estruturas necessárias e adequadas a estes gigantescos desafios.
Para além disso, o mundo confronta-se hoje com crises climáticas e processos migratórios, a que África não passa incólume.
África terá de saber responder às exigências que estão em causa, acreditando no potencial económico que tem, incluindo o capital humano, geridos e suportados por uma boa governança.
Daí a esperança no futuro.
África, a esperança no futuro e a boa governança
No dia 25 de Maio de 1963, data da criação da Organização de Unidade Africana (OUA), evoca-se o Dia de África. Este ano, a data coincide com a passagem do 50.º aniversário das independências dos países africanos de língua oficial portuguesa, excepto a independência da Guiné-Bissau, unilateralmente declarada pelo PAICV - Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, em 27 de Setembro de 1973, em Madina do Boé.
