O antigo homem forte do antigo Presidente da República José Eduardo dos Santos será interrogado hoje (quarta-feira) pelo juiz de garantia, Nazaré Pascoal, responsável pela instrução contraditória deste processo.

"Kopelipa" foi responsável pelo Gabinete de Reconstrução Nacional (GNR), e é acusado pelo Ministério Público (MP) da prática dos crimes de peculato, burla por defraudação, associação criminosa, branqueamento de capitais e tráfico de influência.

No primeiro dia de instrução contraditória, o general compareceu ao tribunal acompanhado pelos seus advogados e recusou-se a prestar declarações aos jornalistas.

O processo está por enquanto em segredo de justiça e as sessões da instrução decorrem à porta fechada na sala de julgamento do Tribunal Supremo.

Esta quarta-feira, os advogados e juiz responsável pela instrução do processo travam a última "batalha" da instrução.

O Novo Jornal apurou que os advogados vão expor as suas apresentações sínteses, os pontos de vista jurídicos do processo, nesta que pode ser a sessão final da instrução, para o juiz avaliar e decidir se o processo vai ou não a julgamento.

Segundo o advogado Benja Satula, que representa as empresas arguidas offshore Plasmart Internacional e a Utter Right Internacional, o processo pode não ir a julgamento "caso o juiz instrutor julgue o caso com imparcialidade".

"Se a instrução contraditória julgar o seu verdadeiro papel, tudo vai correr muito bem. Correr bem é enfraquecer acusação e evitar ir a julgamento", disse o advogado.

Esta quarta-feira, como apurou o Novo Jornal, os advogados dos arguidos vão expor ao juiz instrutor as suas apresentação sínteses, os pontos de vista jurídicos do processo, para o juiz avaliar e decidir se o caso vai ou não a julgamento.

Entretanto, caso o juiz instrutor entender que sim, o antigo homem forte de José Eduardo dos Santos, o general Manuel Hélder Viera dias Júnior "Kopelipa", vai a julgamento naquela corte suprema, e caso não avance, o processo fica arquivado e sem efeito.

A acusação criminal contra o general "Kopelipa" é de 08 de Julho de 2022, onde consta também o general Leopoldino Fragoso do Nascimento "Dino".

Segundo a acusação, as três empresas fizeram parte de um esquema montado pelos arguidos, que lesou o Estado em vários milhões de dólares.

A acusação diz que tudo começou com o acordo de financiamento celebrado em 2003 entre o Estado e a República Popular da China, do qual surgiram, a partir de 2004, várias linhas de crédito com o EximBank, CCBB-Banco de Desenvolvimento da China e com a Sinosure- Agência Seguradora de Crédito à Exportação.

O esquema que prejudicou o Estado terá sido montado quando Kopelipa foi nomeado pelo então Presidente da República José Eduardo dos Santos para responsável do Gabinete de Reconstrução Nacional.

Conforme a acusação, Manuel Hélder Vieira Dias Júnior e Leopoldino Fragoso do Nascimento, e outros dois arguidos no processo "concertadamente engendraram um plano para enganar o Estado e, a pretexto de uma reestruturação, apropriaram-se de imóveis construídos com fundos públicos e comercializaram-nos como se fossem deles.

O general Kopelipa foi chefe da Casa Militar do antigo PR, José Eduardo dos Santos, e o general "Dino" chefe das comunicações.