O nome do BPC aparece várias vezes mencionado no processo-crime como sendo a instituição onde os arguidos levantavam o dinheiro que era "desviado" para os batalhões fantasma, como o 6.º e o 8.º. no KUando Kubango, que, segundo acusação do Ministério Público (MP), nunca existiram.

Segundo acusação, os arguidos, através de um esquema orquestrado pelos militares ligados à Casa de Segurança da Presidente da República, levantavam dinheiro todos os meses, directamente na caixa forte do Banco de Poupança e Crédito, na baixa de Luanda, e transportavam em carrinhas.

Ao tribunal, vários arguidos já interrogados certificam que as ordens de saque enviadas ao BPC partiam da Casa de Segurança do PR, através dos seus responsáveis, que eles apenas executavam os levantamentos e que os mesmos eram feitos em caixas.

O antigo assistente principal da Secretaria-Geral da Casa de Segurança do Presidente da República, coronel Jacinto Hengombe, contou ao tribunal, durante o seu interrogatório, ser um dos oficiais credenciados, pela Casa de Segurança PR para ir levantar o dinheiro na caixa forte do BPC e levar à tesouraria da UGP.

Em tribunal, o coronel da UGP disse que os milhões eram transportados em carrinhas para as províncias do Kuanza- Sul, Bié, Uíge e Kuando Kubango, todos os meses, para pagamentos de efectivos da Base Central de Abastecimento (BCA) e das unidade e batalhões de transportes assim como de desminagem.

O Ministério Público atesta que era a partir dessas unidades para onde os milhões, saídos do BPC, eram canalizados de forma fraudulenta, que arguidos lhes deitam as mãos.

O comandante da Unidade de Guarda Presidencial (UGP), ligado ao batalhão de Transporte Rodoviário, da Casa de Segurança da Presidência da República, coronel Manuel Correia, também certificou que o dinheiro saia do BPC e era levado para o Kuando Kubango, mas que regressava depois em malas para Luanda e eram distribuídos entre os arguidos e os generais da Casa de Segurança do PR.

Aos juízes, o antigo responsável da Casa de Segurança da Presidência da República no Kuando Kubango, confessou ter descoberto nomes nas folhas de salários da Unidade de Desminagem na UGP no Kuando Kubango de centenas de funcionários do BPC.

"Eu vi, eram muitos os funcionários do BPC que estavam alistados nas folhas de salários e que no final do mês recebiam salários como se fossem funcionários da Casa de Segurança", contou.

Conforme a acusação, o Banco de Poupança e Crédito era a instituição bancária de onde saiam os milhões de kwanzas em caixas seladas todos os meses e eram movimentados pelos arguidos arrolados no processo.