O ataque, como contou ao Novo Jornal uma fonte ligada à comunidade ismaelita em Luanda, com forte ligação social, religiosa e familiar à comunidade em Lisboa, resultou de um desentendimento entre as duas mulheres, que dirigiam o centro de apoio ismaelita aos migrantes afegãos na capital portuguesa e o autor das agressões.

A mesma fonte sublinha que não há quaisquer razões de fundamentalismo religioso por detrás deste ataque que está a atormentar a capital lusa nesta terça-feira, devido à origem afegã do autor dos homicídios.

Morreram duas mulheres, de nacionalidade portuguesa, com registo de ferimentos graves noutras pessoas, tendo estes factos resultado numa ligação imediata à possibilidade de se tratar de um atentado terrorista.

A fonte do Novo Jornal, que conhece com profundidade a comunidade lisboeta ismaili, adiantou que se tratou de questões relacionadas com os apoios que o centro presta à comunidade migrante - que era dirigido pelas duas vítimas mortais - que ali encontra um porto de abrigo para os momentos mais difíceis, tendo este indivíduo, que frequentava o local, mostrado descontentamento com novas indicações que lhe foram dadas.

A fonte, que pertence à comunidade ismaelita em Luanda e com ligações familiares à comunidade de Lisboa, contou ainda que o indivíduo já tinha estado, manhã cedo, no local e prometera voltar com laivos de ameaça de vingança.

Entre os apoios prestados por este centro estão aulas de português, de adaptação social em Portugal para os recém chegados, e, nalguns casos, de ajuda alimentar e de procura de acomodação inicial.

Apesar de os media portugueses, especialmente os canais de televisão de notícias, estarem a insistir na perspectiva de possível ataque terrorista de índole radical islâmica, devido à origem do indivíduo, sendo o Afeganistão maioritariamente sunita e os ismailis de raiz xiita moderada, e conhecidas as rivalidades entre estes dois ramos do Islão, é o que está por detrás desta abordagem.

Segundo os media portugueses, o atacante foi atingido por um ou mais disparos de arma de fogo por agentes da polícia que ocorreram ao local minutos depois do ataque, chamados a partir do centro de apoio pelo 112, o número português de pedido de socorro.

A chamada para o Instituto de Emergência Médica foi feita pouco antes das 11:00, mesma hora em Luanda.

Pouco depois a situação ficou controlada do ponto de vista da segurança no local, mantendo-se a actividade intensa das equipas médicas que se deslocaram para atender os diversos feridos, incluindo o atacante, que foi imediatamente detido.

Como a generalidade dos lideres políticos portugueses e o Governo do primeiro-ministro António Costa, também o Presidente da República comentou este ataque, procurando Marcelo Rebelo de Sousa retirar gravidade social ao episódio trágico, anunciado que os primeiros indícios apontavam para um acto isolado.

O Chefe de Estado português, citado pela Lusa, apresentou ainda "sinceros pêsames" ao representante diplomático do príncipe Aga Khan pelo ataque no Centro Ismaili em Lisboa.