Ao abrir a reunião do Fórum Mundial do Turismo, que decorrerá até sábado no Centro de Convenções de Talatona, a sul de Luanda, João Lourenço lembrou os incentivos que o executivo angolano está a dar aos investidores - novas leis do Investimento Privado e da Concorrência - para lhes juntar a "estabilidade política" e o "clima ameno durante todo o ano".

"Angola enfrenta múltiplos desafios, desde o êxodo demográfico, à degradação do tecido urbano, mas os operadores turísticos podem constatar que a aposta na valorização do património histórico, cultural e turístico gera oportunidades para redimensionar as infra-estruturas", afirmou.

João Lourenço destacou as "belas paisagens" existentes em Angola, desde o turismo rico em vida selvagem às praias, salientando que o caminho a percorrer ainda é longo para que o país possa atingir o patamar do "mais novo destino turístico internacional".

"O turismo tem um importante papel na promoção de investimentos, receitas e postos de trabalho. O seu impacto transforma de forma positiva as localidades com vocação turística, onde estão quase todos os sectores de desenvolvimento, como o ambiente, cultura, economia, obras públicas, transportes e saúde, entre outros", disse.

Segundo o Presidente angolano, a aposta do Governo na diversificação da economia passa pela expansão das infra-estruturas hoteleiras, aumentando a diversidade, sobretudo em polos turísticos como os do Parque Nacional da Quissama, de Cabo Ledo e do Okavango-Zambeze, um dos mais importantes da África Austral, bem como as "muitas cachoeiras e quedas de água".

Nesse sentido, a realização do fórum em Luanda vai permitir promover o mercado angolano junto dos operadores internacionais, acrescentou, sublinhando que Angola já iniciou um "processo irreversível" para a diversificação económica, para diminuir a dependência das receitas petrolíferas.

Para isso, sublinhou João Lourenço, Angola está a implementar o apoio à promoção do desenvolvimento local em termos agrícolas, capazes de assegurar a auto-suficiência alimentar e abastecer também o turismo, projecto que é "transversal" à economia, em que se procura melhorar as condições do investimento, estimular o investimento privado e estabelecer parcerias.

"Exorto todos os potenciais investidores a explorarem outros projectos, como nas áreas da agricultura, agropecuária, florestas, pescas, energia, petroquímica, todas elas rentáveis e geradoras de emprego", salientou.

Para João Lourenço, os desafios são "importantes", pois são necessários mais hotéis para que os restantes subsectores possam absorver os jovens à procura de emprego, "sendo também preciso uma maior interacção entre os fornecedores de serviços hoteleiros e de transportes com os operadores turísticos".

"Descubram as potencialidades do turismo em Angola. Há muitos locais à espera das grandes e pequenas cadeias hoteleiras internacionais", apelou João Lourenço, que não deixou de lado o "grande potencial" do litoral do país no "negócio dos navios de cruzeiro transatlânticos", ponto de passagem para quem vem das Américas e do Índico.

"Há uma plataforma de abertura para o investimento directo estrangeiro, para a criação de parcerias nacionais e internacionais duradouras. Fica a garantia de tudo fazer para apoiar investimentos catalisadores do desenvolvimento. Juntem as vossas vozes à dos angolanos de uma nova Angola, como o mais novo destino turístico internacional", concluiu.

O Fórum Mundial do Turismo abriu as portas hoje na presença de cerca de 1.500 convidados de vários países, entre cadeias hoteleiras, operadoras de turismo, tendo como principal personalidade o antigo Presidente francês François Hollande, que abrirá, ao início da tarde, os debates.

Um longo caminho a percorrer

Entretanto, a ministra do Turismo angolana assumiu que Angola tem ainda um longo caminho a percorrer para que o sector seja "realizável e sustentável", mas mostrou-se esperançada em que o panorama mude até 2025.

Ângela Bragança, que falava após a abertura do Fórum Mundial do Turismo, que decorre em Luanda até sábado, sublinhou a dificuldade em congregar os vários agentes económicos para que o sector saia vencedor durante a vigência da estratégia de desenvolvimento de Angola até 2025.

"Sim, um longo caminho. Sobretudo em congregar a acção dos vários sectores para que o turismo seja e sustentável e realizável. No nosso caso, temos constrangimentos, como as acessibilidades, que não permitem a fluidez do turismo como queremos. Temos unidades [hoteleiras), mas temos de qualificar e melhorar a oferta e os serviços, formar quadros. É um programa para desenvolver", afirmou.

Sobre o fórum, Ângela Bragança salientou a "importância e a necessidade" de mostrar as potencialidades de Angola, pouco ou nada conhecidas internacionalmente, bem como estabelecer uma melhor ligação entre o que são as capacidades hoteleiras e as agências de viagens.

"Queremos mostrar a transversalidade do turismo, unindo cultura, ambiente, património e todas as outras valências", sublinhou a governante angolana, adiantando que os sucessivos apelos das autoridades angolanas ao investimento "têm estado a resultar", uma vez que já há "intenções", faltando agora a "acção de negociação, de opções".

"Estamos a trabalhar na estratégia até 2025, que é a grande meta traçada para uma Angola diferente. Não podemos separar o turismo das outras valências e a económica é importante. Há programas na área económica que vão até essa data e a nossa perspectiva é até 2025, para dar os passos sustentáveis", acrescentou.

Segundo Ângela Bragança, Angola conta com cerca de 5.000 unidades hoteleiras (entre hotéis, resorts e similares), num total de 26.000 quartos.

"Ainda não temos um rácio aceitável entre o número de quartos e os cidadãos", admitiu, reconhecendo também que Angola tem de fazer mais no turismo interno, praticamente residual, "oferecendo estabelecimentos que sejam acessíveis aos cidadãos" e transportes "mais baratos".