Depois de anunciar, no final da semana passada, 50% de tarifas sobre os produtos que chegarem aos Estados Unidos idos da União Europeia, porque, aparentemente, Bruxelas não estaria a ceder a Washington, Trump voltou atrás...
E isso, num mundo normal, seria mais que suficiente para dar nova tracção ao barril... mas nem os mercados estão a reagir normalmente nem o que Trump diz já parece ter qualquer efeito sobre os gráficos que marcam o ritmo da valorização e desvalorização da matéra-prima.
As tarifas punitivas sobre os europeus deveriam começar a ser aplicadas já a 01 de Junho, o que provocou um pequeno terramoto nos mercados, com ma desvalorização clara do barril, mas no Domingo, 25, o Presidente dos EUA desfez o que tinha dito e prolongou o prazo das negociações com Bruxelas para 09 de Julho.
E era de esperar que os marcados ficassem verdes de satisfação, como sempre acontece... Acontecia, porque ao que parece, o valor da palavra de Trump está no fundo do barril e após um ligeiro estremecer positivo, o Brent voltou, já a meio da manhã desta segunda-feira, 26, a resvalar para o vermelho.
Porquê? Porque é que a seguir a uma pequena valorização, o barril voltou a tropeçar e depois de disparar para os 65,30 USD foi resvalando para os 64,59 USD, perto das 12:00, hora de Luanda, uma perda ligeira de 0,30% embora fosse de esperar um ganho claro?
Porque, ao que tudo indica, os avanços e recuos de Trump começam a ser digeridos como não-assuntos e porque, quando se esperava que o conflito russo-ucraniano estivesse a caminhar para uma solução negociada, eis que os últimos dias mostram que Kiev e Moscovo permanecem de dedo no gatilho (ver aqui).
Outra ponta de pressão sobre os preços são as negociações entre EUA e Irão sobre o rograma nuclear de Teerão, onde Donald Trump tem vincado como positivas as últimas conversas e os iranianos parecem estar alinhar com Washington na procura de um acordo que permita o levantamento das sanções sobre o país, especialmente as que limitam as suas exportações de crude, o que significaria mais petróleo nos mercados.
Além disso, o programa "tóxico" para os interesses dos países exportadores iniciado em Abril pela OPEP+, de reposição gradual da produção, que vai continuar em Junho e Julho com mais 411 mil bpd, inundando o mercado já saturado pelos problemas económicos na China e nos EUA, ainda se faz sentir...
Esta reposição foi estimada recentemente em 2,2 mbpd para Outubro pela Reuters, o que significa que no final de 2025, cerca de metade dos cortes feitos nos últimos anos, especialmente desde a pandemia da Covid, de cerca de 6 mpd, pode estar de volta ao mercado, o que significa um desajuste entre oferta e procura.
Essa informação é particularmente negativa para as petroeconomias, como a angolana, que tem nas exportações petrolíferas uma parte significativa do equilíbrio das suas contas públicas, podendo mesmo (ver links em baixo) obrigar o Governo de Luanda a rever o seu OGE 2025, que foi elaborado com base num preço médio para o barril de Brent de 70 USD.