Se conseguir livrar-se deste julgamento sem uma condenação à prisão, quando o conflito de Gaza terminar, Benjamin Netanyhau terá de responder igualmente num processo onde está acusado de genocídio que corre tramites nas instâncias judiciais internacionais.
Para já, o chefe do Executivo israelita, que nega todas as acusações, procura, como notam vários analistas, escapar às malhas da justiça do país, onde está acusado de três crimes graves de corrupção, fraude e abuso de confiança cometidos no longo período em que exerce funções governativas, apostando no recrudescimento do conflito em Gaza.
Este julgamento começou em 2020 e pouco antes do episódio, envolto em fortes suspeitas de conluio interno, como pode ser revisitado aqui, do assalto do Hamas ao sul de Israel, com milhares de combatentes a avançarem sem que os seus movimentos fossem detectados pelas mais famosas secretas do mundo, Mossad, Shin Bet e AMAM, Netanyhau esteve à beira de perder o cargo.
Foi a acção do Hamas, que resultou na morte de mais de mil pessoas no sul de Israel, incluindo militares e civis, israelitas e imigrantes, que sacudiu a pressão dobre o primeiro-ministro, sendo esse também um ponto notado pelos analistas que sublinham a estranha coincidência entre o seu caso na Justiça e a operação militar contra Gaza.
A favor de Netanyhau está o facto de a lei não exigir que este deixe o cargo enquanto não for condenado em última instância, o que pode demorar ainda muitos anos, enquanto o acusado procura fazer-se passar por vítima de um complot que envolve os media de esquerda e um sistema legal que o tem como adversário.
Este processo, antes de 07 de Outubro de 2023, tinha o país dividido, com centenas de milhares de pessoas a manifestarem-se todas as semanas exigindo a sua demissão, numa pressão ascendente a que quase não resistiu, sendo salvo pelo começo da invasão de Gaza, também porque o seu Governo estava a preparar uma alteração legislativa que subtraia poderes aos juízes passando-os para o Parlamento.
Entretanto em Gaza, as operações militares israelitas mostram-se cada vez mais letais e o próprio Netanyhau veio agora garantir que as forças israelitas vão tomar conta de todo o território, onde um bloqueio persistente mantém dois milhões de pessoas com fome e sem qualquer apoio humanitário, sendo que 500 mil estão, como revela a ONU, em risco iminente de vida (ver links em baixo).