Nos dois acidentes aéreos com aviões da Boeing 737 Max, um upgrade do 737 que fez deste o modelo mais vendido da marca norte-americana e um dos mais espalhados pelo mundo, a falha de um sensor de alerta para a estabilidade do aparelho foi apontada como causa para a morte de 346 pessoas.

Depois de um período de indefinição, a Boeing admitiu problemas e ordenou que todos os aparelhos deste modelo ao serviço de companhias em todo o mundo ficassem em terra e mais nenhum fosse vendido até estar definido com rigor o que motivara a queda dos aviões, o primeiro da Lion Air, da Indonésia, Outubro de 2018, e o segundo da Ethiopian Airlines, já este ano, no mês de Março.

Mas, depois de ter sido obrigada a um prolongado processo de perda de prestígio, mantendo informação importante retida, a Boeing foi obrigada pela administração federal de aviação dos Estados Unidos a dizer aos reguladores o que se passou com o indicador de segurança do "cockpit" do modelo Max.

Agora, no Domingo, em Paris, onde está para participar no Paris Air Show, um dos maiores certames da indústria aeroespacial mundial, o presidente executivo da Boeing, Dennis Muilenburg, citado pelas agências, garantiu que o tempo da opacidade acabou e que a partir de agora tudo será transparente na empresa de forma a não haver empecilhos no processo de revitalização comercial deste modelo, o 737 Max, com que a empresa norte-americana pretendia voltar a impor-se face à concorrência.

Sobre o que se passou após os acidentes, Muilenburg sublinhou em Paris que foi cometido um erro na aplicação do sistema de alerta", que a comunicação com os reguladores, clientes e público foi "inaceitável" por ter sido "inconsistente", embora não tenha referido que também os pilotos ficaram estarrecidos por terem estado a voar num modelo de avião que a Boeing sabia ter problemas sem que os tenha alertado para os prolemas no software que condicionava o referido sensor.

Dennis Muilenburg mostrou, nestas declarações aos jornalistas, estar confiante de que este modelo da Boeing voltará a voar já no final deste ano com a aprovação das correcções introduzidas pelos reguladores, sendo essa a única via para que a confiança perdida na companhia possa ser reabilitada, protendo "humildade" na sua postura.